Cidade do Silêncio (Bordertown, 2006. Direção: Greogry Nava) é um filme perturbador.
A trama desenvolve-se em torno da ida de uma repórter - Lauren - (Jennifer Lopes) à Juarez, México. O jornal no qual ela trabalha em Chicago quer saber sobre os estupros e assassinatos de mulheres que têm ocorrido na região. Lá ela encontra um antigo parceiro de jornal -Alfonso Díaz - (Antonio Banderas), atualmente dono do periódico que não se cala diante dos crimes bárbaros cometidos contra as mulheres e, por conta disso, é sistematicamente censurado pelas autoridades coniventes com a criminalidade.


Se você não gosta de saber detalhes mais aprofundados do enredo, não leia os próximos parágrafos.
Após produzir um artigo "verdadeiramente humano", nas palavras de seu editor, George Morgan (Martin Sheen), Lauren se vê aliviada. Tudo parece caminhar bem.
Mas.
A jornalista foi "fundo" demais. Responsabilizou "gente grande": o governo dos EUA, México e as empresas envolvidas em transações comerciais altamente lucrativas para todos os lados - menos para os das mulheres miseráveis e suscetíveis a toda sorte de violência. Qual o resultado?
Os políticos fizeram o que muitos por aqui também fazem: foram até a redação e compraram o editor para que não publicasse o artigo de Lauren, isso para "evitar publicidade negativa" durante a concretização dos "negócios".
Todo o peso da situação recai sobre a jornalista - ela arriscou sua própria vida, da menina Eva e do dono do jornal de Juarez. Seu editor, que antes havia elogiado o texto, agora reproduz um discurso abertamente comercial e diz que "as reportagens investigativas chegaram ao fim" e tudo não passa de corporações.
Vendeu os princípios éticos jornalísticos aos diabos - corporações e políticos promiscuamente relacionados.
Alfonso Díaz, proprietário d'O Sol de Juarez, é assassinado.
E esse é apenas um dos problemas de violência mexicana. Pode-se acompanhar recentemente as centenas de assassinatos, valas-comuns, jornalistas autocensurados, ameaças etc. etc. na região. Ciudad Juarez é a cidade mais violenta do mundo hoje. Dominadas por cartéis de drogas. E omissão do governo.
O filme permanece atual. É um tributo a todas as vítimas de violência no México, jornalistas, ativistas e políticos que tentam fazer seu trabalho de forma correta para dar condições humanas aos mexicanos.
E, é claro, aquele belo tapa na cara dos corruptos e marginais, que se acham acima da lei, de plantão.
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