sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Brincando de Rota 66

Rota 66, livro-reportagem do jornalista Caco Barcellos destrincha as ações policiais de uma das forças militares urbanas mais violentas do mundo: a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).


Por meio de um megalevantamento de dados das mortes cometidas por alguns policiais desse departamento da Polícia Militar do Estado de São Paulo (a partir de 1976), ele mostra que a maioria das situações nas quais a ROTA diz ter matado  em confronto, com reação a prisão, de bandidos foi puro e simples assassinato a sangue frio com o "requinte do preconceito social". Segundo notícia abaixo, parece que alguns policiais civis resolveram brincar de ROTA 66:


Da Folha:



Cinco policiais civis são acusados de matar e forjar tiroteio em SP



ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO


Cinco policiais civis da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) são acusados pela Promotoria de forjar um tiroteio para justificar um homicídio.

Antonio José Delfino, 57, foi morto às 19h30 do dia 18 de junho, quando, sem mandado de busca e apreensão, os policiais invadiram sua casa, em Mogi das Cruzes.

O delegado Fábio Moriconi Garcia, chefe dos policiais, é acusado de prevaricação. Ele concluiu o caso sem receber os laudos necroscópicos e atestou a ação dos policiais.

Os policiais civis denunciados são: Flávio Augusto de Souza Batista, chefe da equipe, Mauricy Ramos de Paiva, Emerson Roberto da Silva, Edney Barroso da Silva e Miguel Arcanjo Filho.

Na versão deles, Delfino era traficante de drogas e atirou nos policiais.

O laudo necroscópico mostrou que Delfino foi morto com sete tiros -quatro na cabeça. Para a Promotoria, seu corpo foi tirado do lugar onde caiu, uma laje acima de onde estavam os policiais.

TRAJETÓRIA

A análise da trajetória dos tiros revelou que os policiais, ao contrário do que dizem, balearam Delfino de cima para baixo, ou seja, ele não estava atirando de cima da laje.

Ao saber da conclusão da médica legista Raquel Barbosa Cintra, que examinou o corpo de Delfino, o delegado Moriconi e seus subordinados Flávio Batista e Mauricy Paiva pediram para que ela alterasse o documento.

Os policiais Emerson Silva e Mauricy Paiva mataram Sérgio Ferreira da Silva, 34, em 10 de novembro de 2009, em circunstâncias parecidas com as da morte de Antonio José Delfino.

OUTRO LADO

O investigador Flávio Augusto de Souza Batista, chefe da equipe da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) acusada de matar Antonio José Delfino, afirmou que ele e seus subordinados não querem falar sobre as acusações feitas pela Promotoria.

Ainda de acordo com o investigador Batista, o delegado Fábio Moriconi Garcia, acusado pelo Ministério Público de não investigar como deveria a morte de Delfino, está em férias.

A reportagem da Folha também tentou localizar o delegado Garcia, mas não o encontrou.

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