sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Onde o calo aperta

Essa semana o clima esquentou. O atrito: civis X militares. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República propôs a criação de uma comissão para investigar os crimes cometidos durante a ditadura militar (1964 - 1985). A força militar chiou com a proposta. Houve, inclusive, ameaças de demissão em conjunto dos altos postos de comando do exército para pressionar contra a criação da comissão.

Por que não querem investigar? Logicamente, porque grande parte do alto escalão do exército tem ligações com esse passado escabroso, portanto querem esquecer as atrocidades praticadas no período. Há muitos políticos ainda na ativa também. A justificativa é que isso alteraria a lei de anistia (que "perdoou" todos os crimes cometidos, por motivações políticas, no citado momento - tanto do lado militar no governo, quanto a "guerrilha" civil). O setor militar classifica isso como "reabrir feridas já cicatrizadas". Para quem teve parentes e amigos torturados, mortos ou desaparecidos nos porões da ditadura em nome de uma suposta "ordem" não tem nada curado. Muito pelo contrário.

Os arquivos da ditadura devem ser abertos, as agressões investigadas e os culpados punidos. Tanto no lado militar, quanto na parte civil. Solucionar não significa esquecer, mas sim realizar justiça, ainda que tardia.

Um comentário:

  1. Mas é claro que os militares não vão deixar que os arquivos da ditadura sejam abertos, muitos deles tem rabo preso. Principalmente os mais velhos, que participaram "ativamente" da época do regime militar; uma hora dessas eles devem estar em uma alta patente e com muito poder ou até mesmo aposentados. O que realmente me espanta é o presidente Lula não fazer mais empenho para rebater a lei da anistia e acabar de vez com todo esse "mistério", sendo que ele próprio foi preso pelo DOPS.

    ResponderExcluir