sábado, 29 de janeiro de 2011

Não se esqueça de lembrar...

Do Observatório da Imprensa



A imprensa adora esquecer


Por Alberto Dines em 28/1/2011


Articulistas embasbacados e desprovidos de qualquer senso crítico afirmaram nos quatro cantos do mundo que o Wikileaks mudava tudo. A diplomacia, a política internacional e o próprio jornalismo jamais seriam os mesmos.


O sucesso do site de vazamentos criado pelo hacker Julian Assange foi tamanho que dois dos três jornalões nacionais (a Folha de S.PauloO Globo) não se vexaram em pegar carona no grupo dos cinco veículos globais que a ele se associaram.


Exatos dois meses depois, nesta pátria dos modismos ninguém quer mais ouvir as fofocas com data de validade vencida. Prova disso são os documentos vazados na terça-feira (25/1) contendo a opinião da ex-presidente chilena Michelle Bachelet a respeito de governos e líderes latino-americanos.


Sobre a ex-colega argentina Cristina Kirchner, a chilena disse que ela "tende a acreditar nos rumores e textos caluniosos publicados na imprensa e faz comentários desastrosos em público". Para ela, a democracia argentina "não é robusta e suas instituições são frágeis".


Pouco destaque



A respeito do nosso país, Michelle Bachelet foi ainda mais incisiva: "O Brasil goza de uma fama desproporcionada como mediador em conflitos regionais". Para ela, Lula é um zorro (raposa), inteligente e encantador, mas sua então candidata, Dilma Rousseff, distante e formal.


Publicadas com destaque pelo diário espanhol El País na quarta-feira (26), as candentes opiniões de Bachelet vazadas pelo Wikileaks ficaram de fora do noticiário de quinta-feira, no Brasil. A torneira giratória de Julian Assange já não tem charme, breve estará apenas nas colunas sociais.


A imprensa brasileira adora badalar e adora esquecer. Sobretudo as tragédias: duas semanas depois do maior desastre já acontecido no país, a tromba d’água na região serrana do Rio, há pelo menos dois dias só consegue produzir uma chamadinha na capa do Globo. Nos jornais da Paulicéia, nem isso.


 

Brincando de Rota 66, a saga

Do Estadão - Especialmente para a @thatyns



Policiais da Rota suspeitos de execução de jovem são afastados


Ruan Araújo, de 19 anos, era suspeito de participar de arrastão em restaurante na Aclimação







SÃO PAULO - O comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo decidiu afastar a equipe das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) envolvida na morte de Ruan Rodrigo Silva Araújo, de 19 anos, suspeito de participar de um arrastão na quinta-feira, 27, no restaurante BiCol, na Aclimação, zona sul de São Paulo [qual a equipe? quem são os policiais, seus nomes completos? quais são suas patentes? o jornal não informa. O "suspeito" assassinado tem nome completo e idade revelados, só faltou o número do RG, CPF e telefone...]. Segundo a PM, os policiais permanecerão afastados "até que os fatos sejam completamente esclarecidos".

A ação no restaurante durou cinco minutos. Policiais da Rota chegaram pouco após a saída do grupo e, pelo celular de uma das vítimas, localizaram um suspeito na Rua dos Estudantes, na Sé, a cerca de dois quilômetros do restaurante.

No relato à Polícia Civil, eles disseram ter avistado Araújo em um Honda Civic preto. O jovem teria pulado do carro e atirado. Os PMs dispararam e acertaram o rapaz três vezes. Ele foi socorrido, mas não resistiu. Moradores disseram à reportagem que Araújo de fato correu, mas não tinha nenhuma arma [grifo meu*].

A PM reafirma a política de "ser implacável na apuração dos desvios de conduta" e diz que divulgará informações complementares conforme o andamento da investigação.





* Caco Barcellos, em Rota 66, comprova que o gesto "humanitário" de socorrer os "feridos", em geral, não é mais que uma tentativa de violar o local do crime dificultando o trabalho da perícia - responsável por apurar as circunstâncias do crime, podendo revelar alguma irregularidade. São casos e mais casos de jovens "socorridos": chegam ao hospital já mortos - muitos já apresentam rigidez cadavérica. Ocorre também de "a troca de tiros" e resistência à prisão serem muitas vezes forjadas pelos policiais, munidos de armas não pertencentes ao suspeito - quase sempre condenado sumariamente, sem direito a um julgamento justo.

BBB e os heróis

Texto atribuído a Luiz Fernando Veríssimo, retirado de Aimberê Freitas (não sei se de fato pertence a ele, mas as ideias são muito boas)


BIG BROTHER BRASIL


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço…A  décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,… encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.


Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros… todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais O BBB é a realidade em busca do IBOPE…


Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.


Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.


Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.


Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?


São esses nossos exemplos de heróis?


Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..


Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.


Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.


Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.


O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.


E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a “entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó!!!


Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.


Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?


(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)


Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.


Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa…, ir ao cinema…, estudar… , ouvir boa música…, cuidar das flores e jardins.. , telefonar para um amigo… , visitar os avós.. , pescar…, brincar com as crianças… , namorar… ou simplesmente dormir.


 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Piada "jornalística" do dia

O jornal Meia Hora tem uma linguagem preconceituosa e extremamente sensacionalista herdada do "pai" Notícias Populares. As notícias publicadas, ou melhor, o enfoque dado à notícia é tragicômico. O exemplar custa R$ 0,50. De preço "popular", ocupa a 7ª posição em tiragem (157 mil exemplares diários, versões Rio de Janeiro e São Paulo).


Dando uma passeada pelo site do periódico me deparo com a seguinte notícia (clique para ampliar):


 




[caption id="attachment_1294" align="alignleft" width="1024" caption="A linguagem é vulgar. E não popular. Nem tudo que é do "povo" é vulgar e vice versa. Nesse caso, o jornal é vulgar e não popular."][/caption]

Daí vem a piada. Logo abaixo, na caixa de comentários, há uma mensagem para aqueles que desejam deixar suas impressões sobre a notícia:


Vendo o jornal e o teor de suas notícias eu me pergunto: o que é mesmo linguagem abusiva e inadequada? (Vale a pena clicar aqui e conferir algumas das capas do periódico)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

De pães de queijo a jornalismo: uma manhã no Pacaembu

Sol forte. Meio quilo de mini-pães de queijo. E muitos flamenguistas. Atributos presentes na minha primeira ida a um estádio de futebol. No caso, o Pacaembu, na final da Copa São Paulo de Futebol JR. Aliás, que da cidade, aniversariante do dia 25 de janeiro, dia do jogo, só tinha o nome. Nada de times paulistas, o confronto foi entre Flamengo e Bahia. Placar de 2 a 1 para a equipe carioca. Um pênalti para cada lado. Jogo impressionante não só pela garra dos jogadores, mas pela força da torcida. Pela TV é impossível ouvir a verdadeira voz da torcida ao grito de gol. No estádio, é inexplicável. Aquele uníssono de vibração. Confesso que me arrepiei em vários momentos*.


Os pães de queijo foram adquiridos e consumidos no pré-jogo. Objetivo: matar a fome de jovens estudantes de jornalismo** em busca de material para a cobertura da final do evento no nosso humilde blog desportivo, Paradoxos da Bola. Já o sol forte e os flamenguistas nos acompanharam das imediações do estádio na chegada até ao ônibus de volta pra casa.




[caption id="attachment_1289" align="alignleft" width="640" caption="Um dia de sol: em jogo grátis, torcidas do Flamengo e do Bahia comparecem na final da Copinha"][/caption]

Belíssimo jogo e excelente experiência. Acompanhado pelos amigos Guilherme de Morais e Murillo Chamusca, pude assistir a um jogaço. No primeiro tempo, das arquibancadas, já no segundo, das cadeiras, bem próximas de onde o Flamengo ergueu a taça e ao lado da torcida do Bahia, que para minha surpresa também era gigantesca. Estamos produzindo uma pequena reportagem, que conta com imagens exclusivas da cobrança dos pênaltis, a qual vai ao ar entre hoje e amanhã.


Antes de conhecer a turma do time Paradoxos, eu tinha uma opinião bem diferente sobre futebol. Considerava uma atividade apenas para “distração das massas”, panis et circensis, o tal ópio do povo. Mas, mudei radicalmente. Quando se faz um exame mais aprofundado na questão, você percebe o que o futebol traz consigo: mobilização. Consegue-se mobilizar muita gente em torno de um time, há uma mídia específica para divulgação – não apenas de temas futebolísticos, mas dos esportes em geral. Por que não usar essa força que o esporte adquiriu em nossa sociedade para algo proveitoso? Algo que traga benefícios às pessoas, ou seja, mudança de vida, de hábitos para melhor. O mundo dos esportes motiva, transforma os caminhos de milhões de pessoas. Essas, talvez, já estariam condenadas pela selvageria do dinheiro, mas, por meio do futebol, tem uma esperança. Se você consegue lotar um estádio e atrair milhões para frente da TV ou do rádio ou do jornal, você pode transformar radicalmente a sociedade. Claro que devemos levar em conta os interesses por trás do mundo da bola, as buscas desenfreadas por audiência e a necessidade de vender cerveja.


Passei a acreditar nisso, mais do que o esporte unicamente como fonte de alienação das pessoas.


* Obviamente nem todos se enquadram na beleza desse espetáculo futebolístico. Quando chegávamos ao estádio, dois flamenguistas, de torcida organizada, partiram para cima de um torcedor do Bahia, e com socos e tapas, no meio da rua, arrancaram a camisa do time adversário. Isso não é futebol. Isso não é ser humano. Pessoas (?) assim deveriam ser proibidas até de ouvir jogos no rádio.


** É um grande desafio trabalhar em coberturas esportivas. Só vendo de perto para acompanhar repórteres, cinegrafistas e fotógrafos de guarda-chuva à beira do campo para enfrentar um sol de quase 40ºC.

Educação: ainda é possível um mundo melhor?

Dica da Sonia Mara (via email)



Educação: da quantidade à qualidade


Frei Betto


A presidente Dilma promete priorizar a educação. No Brasil, apenas 10% da população concluíram o ensino superior; 23% o médio, e 36% não terminaram o fundamental. O ministro Fernando Haddad se compromete a adotar tempo integral no ensino médio, combinando atividades curriculares com aprendizado profissionalizante.


São promessas às quais se soma a de aplicar 7% do PIB na educação (hoje, apenas 5,2%, cerca de R$ 70 bilhões).


O governo Lula avançou muito na área: criou 14 novas universidades públicas e mais de 130 expansões universitárias; a Universidade Aberta do Brasil (ensino à distância), cuja qualidade é discutível; construiu mais de 100 campi universitários pelo interior do país; criou e/ou ampliou Escolas Técnicas e Institutos Federais e, através do PROUNI, possibilitou a mais de 700 mil jovens o acesso ao ensino superior.


Outro avanço é a universalização do ensino fundamental, no qual se encontram matriculados 98% dos brasileiros de 7 a 14 anos. Porém, quantidade não significa qualidade. Ainda há muito a fazer. Estão fora da escola 15% dos jovens entre 15 e 17 anos. Ao desinteresse, principal motivo, alinham-se a premência de trabalhar e a dificuldade de acesso à escola.


Tomara que a proposta de tempo integral do ministro Haddad se torne realidade. Nos países desenvolvidos os alunos permanecem na escola, em média, 8h por dia. No Brasil, 4h30. Pesquisas indicam que, em casa, passam o mesmo tempo diante da TV e/ou do computador. Nada contra, exceto o risco de obesidade precoce. Mas como seria bom se TV emitisse mais cultura e menos entretenimento e se na internet fossem acessados conteúdos mais educativos!


Os estudantes brasileiros leem 7,2 livros por ano, dos quais 5,5 são didáticos ou indicados pela escola. Apenas 1,7 livro por escolha própria. E 46% dos estudantes não frequentam bibliotecas.


No Pisa 2009 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), aplicado em 65 países, o Brasil ficou em 53º lugar. Na escala de 1 a 800 pontos, nosso país alcançou 401. No quesito leitura, 49% de nossos alunos mereceram nível 1 (1 equivale a conhecimento rudimentar e 6 ao mais complexo). Nível 1 também para 69% de nossos alunos em matemática e para 54% em ciências.


O Pisa é aplicado em alunos(as) de 15 anos. Nas provas de matemática e leitura, apenas 20 alunos (0,1%), dos 20 mil testados, alcançaram o nível 6 em leitura e matemática. Em ciências, nenhum. No conjunto, é em matemática que nossos alunos estão mais atrasados: 386 pontos (o máximo são 800). O MEC apostava atingirem 395. Na leitura, nossos alunos fizeram 412 pontos, e em ciências, 405.


Estamos tão atrasados que o Plano Nacional de Educação prevê o Brasil alcançar, no Pisa, 477 pontos em 2021. Em 2009, a Lituânia alcançou 479; a Itália, 486; os EUA, 496; a Polônia, 501; o Japão 529; e a China, campeã, 577.


Nos países mais desenvolvidos, 50% do tempo de instrução obrigatório aos alunos de 9 a 11 anos e 40% do tempo para os alunos de 12 a 14 anos é ocupado com ciências, matemática, literatura e redação. E, no ensino fundamental, não se admitem mais de 20 alunos por classe.


Onde está o nosso tendão de Aquiles? Na falta de investimentos – em qualificação de professores, plano de carreira, equipamentos nas escolas (informática, laboratório, biblioteca, infra desportiva etc).


Análise de 39 países, feita pela OCDE em 2010, revela que o investimento do Brasil em educação corresponde a apenas 1/5 do que os países desenvolvidos desembolsam para o setor. EUA, Reino Unido, Japão, Áustria, Itália e Dinamarca investem cerca de US$ 94.589 (cerca de R$ 160 mil) por aluno no decorrer de todo o ciclo fundamental. O Brasil investe apenas US$ 19.516 (cerca de R$ 33 mil).


Embora a OMC tenha insinuado retirar a educação da condição de dever do Estado e direito do cidadão e transformá-la em simples negócio – ao que o governo Lula se contrapôs decididamente -, os 5,2% do PIB que nosso país aplica na educação são insuficientes. O que favorece a multiplicação de escolas e universidades particulares de duvidosa qualidade. Entre os países mais ricos, derivam do poder público 90% do investimento em ensinos fundamental e médio.


Ainda convivemos com cerca de 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais. Sem contar os analfabetos funcionais. Dos 135 milhões de eleitores em 2010, 27 milhões não sabiam ler nem escrever. Faltou ao governo Lula um plano eficiente de alfabetização de jovens e adultos.


Tomara que Dilma cumpra a promessa de criar 6 mil novas creches e o MEC se convença de que alfabetização de jovens e adultos não se faz apenas com dedicados voluntários. É preciso magistério capacitado, qualificado e bem remunerado.


Todos gostariam que seus filhos tivessem ótimos professores. Mas quem sonha em ver o filho professor? Na Coreia do Sul, onde são tão bem remunerados quanto médicos e advogados, e socialmente prestigiados, todos conhecem o provérbio: “Jamais pise na sombra de um professor.”


Frei Betto é escritor, autor de “Alfabetto – Autobiografia Escolar” (Ática), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto


 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Carroças a três reais

Do Estadão

Para 39% dos brasileiros, transporte público é ruim


Os mais satisfeitos estão na Região Sul: 44,9%, de acordo com pesquisa do Ipea


SÃO PAULO - A qualidade do transporte público é ruim para 19,2% da população brasileira e muito ruim para 19,8%, de acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira, 24, em São Paulo, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O porcentual de insatisfeitos, portanto, chega a 39%. Por outro lado, 26,1% veem o transporte público como bom e apenas 2,9% o consideram muito bom, em um total de 29%. Ele é regular para 31,3%.


"Este estudo serve para chamar a atenção para a inadequação desse modelo", disse o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, referindo-se à priorização do transporte individual em detrimento do transporte coletivo. "Há espaço para o avanço das políticas públicas."


Na Região Sul estão os mais satisfeitos com o transporte público: 44,9% o consideram bom ou muito bom e 23,5% o acham ruim ou muito ruim. Já na Região Sudeste se encontram as opiniões mais negativas: apenas 24,5% o veem como bom ou muito bom e 45,9% o consideram ruim ou muito ruim - este número é muito próximo ao da Região Norte: 45,8%.


O levantamento mostra também que uma em cada quatro (26,3%) pessoas no País vive em cidades em que não há integração entre meios de transporte. Não usam a integração, apesar de ela existir, 27,5%. Dentre aqueles que a utilizam, 33,2% o fazem trocando de um ônibus para outro. Depois, a mais frequente é a troca de um ônibus para o metrô: 4,9%.


O estudo aponta que, quanto mais escolarizada é a pessoa, mais crítica ela se torna em relação ao transporte público. Ele é bom ou muito bom para 34,9% das pessoas com até a quarta série do ensino fundamental - 22,5% o acham ruim ou muito ruim. Já para quem tem ensino superior incompleto, completo ou pós-graduação, 20,1% o consideram bom ou muito bom e 36,9% o acham ruim ou muito ruim.


A pesquisa do Ipea, chamada de Sistema de Indicadores de Percepção Social: Mobilidade Urbana, ouviu 2.770 pessoas em todos os Estados do País e utilizou a técnica de amostragem por cotas, a fim de garantir proporcionalidade no que diz respeito à população. A margem máxima de erro por região é de 5%.


Congestionamento e segurança. Segundo a pesquisa, 66,6% da população brasileira convivem com congestionamentos pelo menos uma vez por mês. Deste total, 20,5% enfrentam lentidão mais de uma vez por dia. Esse dado encontra respaldo quando se analisa o aumento da frota de veículos.


O levantamento mostra que no Brasil, de 2000 a 2010, a frota de veículos cresceu 90,9% a mais que a população - só as motocicletas apresentaram um aumento de 242,2%. No ano 2000 havia um carro para 8,5 pessoas. No ano passado, o dado apontava um automóvel para 5,2 pessoas.


O estudo do Ipea aponta que um terço (32,6%) das pessoas se sentem inseguras no meio de transporte que mais utilizam. Raramente se acham seguras 13,6% e nunca se sentem seguras 19%. No entanto, 40% sempre têm confiança no meio de transporte que mais utilizam e 26,9% se acham seguras na maioria das vezes.


 


 

domingo, 23 de janeiro de 2011

Interesse público e do público

Destaco: "Até onde a imprensa, movida pela sede de novidades sobre a intimidade de pessoas famosas, admite ir para obter um novo furo? Quanto tempo e dinheiro jornalistas deveriam investir em assuntos que despertam a curiosidade do leitor, mas não são exatamente de interesse público? Até onde vai, ou deveria ir, a relação entre políticos e grupos de comunicação, cujos interesses muitas vezes passam por decisões governamentais?"


Do Blog do Editor, da BBC Brasil

Espionagem jornalística




A renúncia de um assessor do primeiro-ministro britânico não deveria despertar muito interesse fora do país. No entanto, a queda de Andy Coulson, agora ex-diretor de Comunicação do governo, tem implicações muito além da política. Os limites da imprensa, o direito a privacidade das celebridades, o poder do maior conglomerado de mídia do mundo, as relações entre governo e magnatas das comunicações, tudo isso está ligado à ascensão e à derrocada de um dos mais próximos assessores de David Cameron.

O jornalista Andy Coulson tem 43 anos de idade. Fez sua carreira no mundo dos tablóides, como são conhecidos aqui na Grã-Bretanha os jornais mais sensacionalistas, opinativos e populares. Sejam de direita (The SunThe Daily Mail) ou de esquerda (Daily Mirror), os tablóides britânicos são comprados diariamente por milhões de pessoas, impulsionadas por coberturas apaixonadas de esporte e política e constante acompanhamento da vida particular de celebridades. Coulson destacou-se e subiu rapidamente no The Sun, do grupo News International, de propriedade do australiano Rupert Murdoch, dono de jornais e redes de TV em diversas partes do mundo. Mudou-se logo para o News of the World, tablóide do mesmo grupo que substitui o Sun aos domiingos. Durante os quatro anos em que Coulson esteve no comando, o jornal trouxe diversas reportagens exclusivas envolvendo a vida particular de pessoas famosas. Mas, em 2007, uma investigação policial descobriu que notícias envolvendo a família real haviam sido obtidas de forma ilícita, por meio do grampeamento de telefones de assistentes do prínicpe William. O correspondente de assuntos da realeza do jornal foi preso e condenado pelo grampo. Andy Coulson renunciou ao cargo, apesar de negar ter conhecimento das atividades do repórter.

Apesar do revés, sua carreira teve uma guinada surpreendente: meses depois da saída forçada do News of the World , ele assumiu o posto de diretor de Comunicações do Partido Conservador, que na época já se preparava para voltar ao poder. Para muitos, seu passado de influência dentro do grupo de Ruper Murdoch explicou a escolha. No final do governo de Gordon Brown, Murdoch mudou de lado na política britânica. O The Sun, que havia apoiado o "novo trabalhismo" de Tony Blair, resolveu bancar a oposição conservadora. Coulson seria, na avaliação de analistas e dos trabalhistas, a ligação entre o Partido Conservador e os interesses de Murdoch. Com Cameron eleito primeiro-ministro em 2010, Andy Coulson tornou-se diretor de Comunicações do governo. Para infelicidade do premiê, no entanto, logo o caso da espionagem ilegal voltou a assombrar seu assessor. Em 2009, o jornal The Guardian, de centro-esquerda e concorrente das empresas de Murdoch, publicou que o esquema de grampeamento de telefones particulares havia ido muito além da família real. Personalidades do futebol, políticos e celebridades, como a atriz Sienna Miller, também teriam sido vítimas. O caso cresceu, e no início deste ano um editor-assistente do News of the World foi suspenso, depois que uma ação legal, supostamente feita por Miller, o associou aos grampos. A especulação e a pressão aumentaram até que Andy Coulson finalmente entregou seu cargo.

As perguntas levantadas pela saga são muitas. Até onde a imprensa, movida pela sede de novidades sobre a intimidade de pessoas famosas, admite ir para obter um novo furo? Quanto tempo e dinheiro jornalistas deveriam investir em assuntos que despertam a curiosidade do leitor, mas não são exatamente de interesse público? Até onde vai, ou deveria ir, a relação entre políticos e grupos de comunicação, cujos interesses muitas vezes passam por decisões governamentais? Andy Coulson sempre disse não ter conhecimento dos grampos praticados na redação que comandava, mas sua carreira meteórica se beneficiou da cultura de investigação da vida privada de terceiros. Tal cultura não mudará em decorrência do caso, que ainda pode ter novos capítulos na Justiça. Mas o fim talvez deixe de justificar alguns dos meios utilizados.


 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Brasil Animado: enciclopédia em 3D

Animação peca pelo exagero em alguns aspectos, inclusive estereótipos


O primeiro filme 3D do Brasil lança mão da natureza. No enredo, 2 amigos, “Stress” e “Relax”, saem viajando por alguns estados brasileiros em busca de uma árvore (Jequitibá Rosa). Passam por Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Bahia, Amazônia, Brasília, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.


Brasil Animado aposta dos estereótipos para mostrar toda a variedade de brasileiros, inclusive, sua fisionomia e jeito próprio de falar. Mas será que colocar um garçom cearense, retratado com a cabeça quadrada, quase igual a uma mesa, é o caminho certo? Penso que não. Existem outras formas de trabalhar com a diversidade nacional sem exagerar, como não carregar demais nos sotaques, por exemplo.


O exagero já começa pela dicotomia “Stress” e “Relax”. O carioca, com seu sotaque exagerado, que “deixa a vida levar”, só quer saber de “curtir” as belezas naturais, num estilo meio Zé Carioca, meio hippie, e o paulista, morador de Santa Rita do Passa Quatro (deixou de viver na Capital, pois a cidade é muito cara), estressado, guloso, só quer saber de lucrar e trabalhar, não se diverte. O carrancudo representante da terra da garoa só afrouxa quando vê mulheres – principalmente as gaúchas -, em especial, Giselle Bündchen.


O filme é “enciclopédico”. Quem assiste se vê diante de um Globo Repórter 3D misturado a desenhos. Pesam demais as estatísticas e os inúmeros dados. Como você pretende prender a atenção, especialmente, das crianças com uma montoeira de datas, altitudes, quilometragens e informações do tipo “você sabia...”?


O merchandising é muito presente também. O carro em que as personagens viajam é um Gol vermelho comprado na Caltabiano (está escrito no veículo). Além disso,  os amigos comem em locais indicados pela Veja São Paulo “Comer e Beber”, vão ao São Paulo Fashion Week e frequentam estabelecimentos que aceitam Mastercard (o papel inconfundível da empresa de cartões de crédito, um pouco desfocado aparece colado na parede de um lugar).


Agora, é inegável que a estética do filme é muito boa. As belíssimas paisagens em três dimensões te dão a impressão de estar em uma janela, vendo desde o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, passando pelas cidades históricas de Minas Gerais, até Canoa Quebrada, no Ceará, ou Porto de Galinhas em Pernambuco de forma muito realista, quase presencial. Alguns toques de humor e interatividade são bem feitos e a estratégia para obtê-los também: há um momento em que a câmera foi posicionada no Centro de São Paulo e parece que ela está abandonada, apenas filmando as pessoas que passam. Um senhor passa, olha para câmera e uma narração faz comentários como se estivesse vendo o público. Ele passa. Quando se pensa que não voltará mais, aparece ainda mais perto da câmera, examinando minuciosamente “quem estará do outro lado”.


Não sei se é o tipo de história que agradaria crianças, pois, apesar de ser animação, é arrastada e “manual de turismo”. Talvez os adultos considerem a história fraca demais pra se prenderem por 1 hora e meia no cinema.


Veja o trailer:






Nas asas da Panair

Assisti há pouco um documentário no Canal Brasil sobre a história da que foi a maior empresa de aviação brasileira, a Panair do Brasil. A companhia operou de 1930 a 1965, quando foi fechada de forma brutal pelo regime militar.


Sob a direção de Marco Altberg, o filme compõe imagens da época com depoimentos de comandantes, aeromoças, passageiros e outros funcionários, que contam os dias de ouro vividos pela Panair do Brasil. Belíssimo documentário, veja o trailer:






sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Apanhando de si mesmo


Da BBC Brasil


Síndrome rara fez americana ser atacada pela própria mão






Imagem de vídeo que mostra mão esquerda de Karen Byrne estapeando-a


Imagine ser atacado por uma de suas próprias mãos, que tenta repetidamente estapear e socar você. Ou então entrar em uma loja e tentar virar à direita e perceber que uma de suas pernas decide que quer ir para a esquerda, fazendo-o andar em círculos.


Essa realidade é bem conhecida da americana Karen Byrne, de 55 anos, que sofre de uma condição rara chamada Síndrome da Mão Alheia.


A síndrome de Byrne é fascinante, não somente por ser tão estranha, mas também por ajudar a explicar algo surpreendente sobre como nossos cérebros funcionam.


O problema começou após ela passar por uma cirurgia, aos 27 anos, para controlar sua epilepsia, que havia dominado sua vida desde seus 10 anos de idade.


A cirurgia para curar a epilepsia normalmente envolve identificar e depois cortar um pequeno pedaço do cérebro no qual os sinais elétricos anormais se originam.


Quando isso não funciona, ou quando a área danificada não pode ser identificada, os pacientes precisam passar por uma solução mais radical.


No caso de Byrne, seu cirurgião cortou seu corpo caloso, um feixe de fibras nervosas que mantém os dois hemisférios do cérebro em permanente contato.


Novo problema


O corte do corpo caloso curou a epilepsia de Byrne, mas a deixou com um problema totalmente diferente.


Ela conta que inicialmente tudo parecia bem, mas que então os médicos começaram a notar um comportamento extremamente estranho.


‘O médico me disse: ‘Karen, o que você está fazendo? Sua mão está te despindo’. Até ele dizer isso eu não tinha percebido que minha mão esquerda estava abrindo os botões da minha camisa”, diz.


“Então eu comecei a abotoar a camisa novamente com a mão direita, mas assim que eu terminei, a mão esquerda começou a desabotoar de novo. Então o médico fez uma chamada de emergência para um outro médico e disse: ‘Mike, você precisa vir aqui imediatamente, temos um problema’.”


Karen Byrne havia saído da operação com uma mão esquerda que estava fora de controle.


“Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas da minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo”, diz.


Em alguns casos, a mão esquerda dela chegava a estapeá-la, sem controle. Ela conta que seu rosto chegava a ficar inchado com tantos golpes.


Luta de poder




Um cérebro normal é formado por dois hemisférios que se comunicam entre si por meio do corpo caloso.


O hemisfério esquerdo, que controla o braço e a perna direitos, tende a ser onde residem as habilidades linguísticas.


O hemisfério direito, que controla o braço e a perna esquerdos, é mais responsável pela localização espacial e pelo reconhecimento de padrões.


Normalmente o hemisfério esquerdo, mais analítico, domina e tem a palavra final nas ações que desempenhamos.


A descoberta do domínio hemisférico tem sua raiz nos anos 1940, quando os cirurgiões decidiram começar a tratar a epilepsia com o corte do corpo caloso.


Após a recuperação, os pacientes pareciam normais. Mas nos círculos psicológicos eles se tornaram lendas.


Isso porque esses pacientes revelariam, com o tempo, algo que parece incrível – que as duas metades do nosso cérebro têm cada um uma espécie de consciência separada. Cada hemisfério é capaz de ter sua própria vontade independente.


Experiências


O homem que fez muitas das experiências que primeiro provaram essa tese foi o neurobiólogo Roger Sperry.


Em um estudo particularmente notável, que ele filmou, é possível ver um dos pacientes com o cérebro dividido tentando resolver um quebra-cabeças.


O quebra-cabeças exigia o rearranjo de blocos para que eles correspondessem a padrões em uma imagem.


Primeiro o homem tentou resolver o quebra-cabeças com sua mão esquerda (controlada pelo hemisfério direito), com bastante sucesso.


Então Sperry pediu ao paciente que usasse sua mão direita (controlada pelo hemisfério esquerdo). Essa mão claramente não tinha nenhuma ideia de como fazê-lo.


A mão esquerda então tentou ajudar, mas a mão direita parecia não querer ajuda, então elas terminaram brigando como se fossem duas crianças.


Experiências como essa levaram Sperry a concluir que “cada hemisfério é um sistema de consciência isolado, percebendo, pensando, lembrando, raciocinando, querendo e se emocionando”.


Em 1981 Sperry recebeu um prêmio Nobel por seu trabalho. Mas em uma ironia cruel do destino, ele então já sofria com uma doença degenerativa do cérebro, chamada kuru, provavelmente contraída em seus primeiros anos de pesquisas com cérebros.


Medicação


A maioria das pessoas que tiveram seus corpos calosos cortados parecem normais posteriormente. Você poderia cruzar com eles na rua e não saberia que algo havia acontecido.


Karen Byrne teve azar. Após a operação, o lado direito de seu cérebro se recusava a ser dominado pelo lado esquerdo.


Ela sofreu com a Síndrome da Mão Alheia por 18 anos, mas felizmente para ela seus médicos encontraram uma medicação que parece ter trazido o lado direito de seu cérebro de volta ao controle.


A história de Byrne foi contada no último programa da série da BBCThe Brain (O Cérebro), que foi ao ar na Grã-Bretanha na quinta-feira.




quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Delegado atropelado pela cadeira de rodas

Da Folha.com



Delegado que bateu em cadeirante é afastado do cargo em SP


A Secretaria da Segurança Pública informou nesta quinta-feira que o delegado Damasio Marino, que bateu em um cadeirante em briga por vaga especial em São José dos Campos (91 km de São Paulo), foi afastado de suas funções de titular do 6º Distrito Policial da cidade para investigações.


"Por determinação do secretário [da Segurança, Antonio Ferreira Pinto], a Corregedoria da Polícia Civil instaurou procedimento administrativo para apurar a responsabilidade funcional do delegado na agressão de um cadeirante. Desde terça-feira, 18, a Corregedoria de Polícia instaurou inquérito policial para apurar crime de lesão corporal dolosa", informou a pasta em nota.


Reportagem publicada hoje pela Folha mostra que a agressão ocorreu na última segunda-feira.


O advogado Anatole Magalhães Macedo Morandini, 35, diz que foi agredido com coronhadas. Já o delegado Damasio Marino, por meio de seu advogado, afirma que não lhe bateu com arma de fogo, mas que lhe deu "dois tapas".


A briga começou quando Morandini flagrou o delegado, que não tem deficiência, estacionado na vaga especial, em frente a um cartório na região central de São José dos Campos, e foi tomar satisfações.


O advogado diz que foi xingado. "Eu fiquei enojado, e a única coisa que consegui fazer foi cuspir no carro dele, porque me senti desrespeitado." Ainda segundo Morandini, o delegado, além de lhe dar coronhadas, também bateu em seu rosto com a ponta da arma.


"Ele apontou a arma, fez mira. A única coisa que eu fiz foi virar o rosto devido ao trauma que já tenho", contou o advogado, referindo-se ao tiro que levou durante um assalto, aos 17 anos, e que o deixou paraplégico.


Já o defensor do delegado diz que ele é que foi intimidado e que estava parado na vaga especial porque sua mulher está grávida.

Delegado batendo em cadeirante. Fundo do poço?

No primeiro semestre de 2010, desenvolvemos uma pesquisa sobre as dificuldades diárias enfrentadas pelos cadeirantes na cidade de São Paulo. Pudemos confirmar e acompanhar de perto os absurdos e adversidades que pessoas com mobilidade reduzida precisam superar (ou tentar) para viver de forma digna.


É profundamente revoltante ler que um cadeirante apanhou para assegurar um direito, garantido em lei. Aquele que deveria dar o exemplo, o homem público, defensor das leis cometendo o que julgo um ato de barbárie.


Da Folha.com



Delegado bate em cadeirante em briga por vaga especial em São José dos Campos (SP)


Um advogado cadeirante apanhou de um delegado em São José dos Campos (91 km de São Paulo), em briga por estacionamento em vaga pública reservada para pessoas com deficiência.


Já o delegado Damasio Marino, por meio de seu advogado, afirma que não o bateu com arma de fogo, mas que lhe deu "dois tapas".


A briga começou quando Morandini flagrou o delegado, que não tem deficiência, estacionado na vaga especial, em frente a um cartório na região central de São José, e foi tomar satisfações.


"Ele [delegado] me chamou de aleijado filho da puta. Eu fiquei enojado, e a única coisa que consegui fazer foi cuspir no carro dele, porque me senti desrespeitado."


Ainda segundo Morandini, o delegado do 6º Distrito Policial da cidade, além de lhe dar coronhadas, também bateu em seu rosto com a ponta da arma.


Ele mostrou à reportagem uma camiseta com manchas de sangue, que diz ser consequência da agressão. Uma funcionária do cartório também diz que viu Morandini sangrando após a briga.


"Ele apontou a arma, fez mira. A única coisa que eu fiz foi virar o rosto devido ao trauma que já tenho", contou o advogado, referindo-se ao tiro que levou durante um assalto, aos 17 anos, e que o deixou paraplégico.


Já o defensor do delegado diz que ele é que foi intimidado e que estava parado na vaga especial porque sua mulher está grávida.


A corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para apurar a suspeita de lesão corporal dolosa (quando há intenção ou se assume o risco de cometer o crime).


OUTRO LADO


O advogado Luiz Antonio Lourenço da Silva, que representa o delegado Damasio Marino, negou que seu cliente tenha agredido com coronhadas o também advogado e cadeirante Anatole Magalhães Macedo Morandini.


Silva diz que Damasio deu "dois tapas" em Morandini, mas só depois de ser xingado e receber uma cusparada. Para Silva, "esse cadeirante procurou o confronto."


O advogado também negou que Damasio tenha xingado Morandini ao ser repreendido. Segundo Silva, o delegado reagiu após Morandini cuspir em sua cara.


"Ele [delegado] não entendeu o que estava acontecendo. Desceu do carro e o cara veio com a cadeira de rodas para cima dele. [Morandini] cuspiu de novo e o xingou, então ele [delegado] pegou e deu dois tapas no cara."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

E deve ter mais coelhos escondidos no Metrô

Da Carta Capital

Justiça aponta suspeitos de esquema de propina na Alstom


As acusações de pagamento de propina a funcionários públicos continuam rendendo problemas à gigante francesa Alstom na Justiça do Reino Unido. Entre as denúncias, está uma de fraude nos contratos da Alstom com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). A empresa fornece equipamentos e participa das obras das estações e linhas do metrô paulistano.


O valor total das propinas pagas em diversos países para conseguir preferência em concorrências chega a 120 milhões de dólares, segundo a Justiça da Suíça. Segundo publicou nesta quarta-feira 19 o jornal O Estado de S. Paulo, a Justiça britânica apontou os dois funcionários da empresa suspeitos de terem organizado o esquema de pagamentos.


Stephen Burgin, presidente da unidade inglesa da empresa, e o diretor financeiro Robert Purcell são os principais suspeitos de comandar a distribuição de dinheiro a funcionários governamentais.


Em setembro de 2008, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo já havia apontado irregularidades no contrato entre o Metrô e a Alstom. De acordo com o TCE, houve superfaturamento na compra de trens. O valor acima do normal chegava a 70 milhões de reais. A Alstom nega todas as acusações.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Agora é hora de expandir as moradias decentes

Da BBC Brasil

Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes





Embora alguns digam ter medo, diversos moradores de um bairro de Teresópolis (região serrana do Rio) cogitam voltar a construir nos locais onde suas casas foram severamente atingidas pelos deslizamentos da última quarta-feira - inclusive em áreas condenadas pela Defesa Civil.

O pintor Anderson Magalhães, 33 anos, deveria ter se mudado para sua casa nova, que construiu no bairro do Féo, no último sábado. "Só faltava bater a laje, que já estava lá, comprada", disse à BBC Brasil.

No entanto, a chuva e os deslizamentos da quarta-feira anterior arruinaram a sua nova moradia, que teve o andar de baixo totalmente engolido pela lama que desceu do morro. "Ficaram cinco sacos de cimento lá, foi o que restou da minha obra."

Anderson mora de aluguel no mesmo bairro, em uma casa localizada em um ponto mais seguro. Agora, ele afirma que quer se mudar para outra zona da cidade, mas acha difícil conseguir outro lugar para morar.

"Se não tiver saída, eu com certeza pego o dinheiro do FGTS e volto pra minha casa no Féo", diz Anderson. "Vou lá, bato a laje na parte de cima, esqueço a parte de baixo e volto."

Sobre os riscos de ocorrerem novos deslizamentos como os da semana passada, o pintor afirma: "Se acontecer qualquer chuvinha, sai todo mundo de lá na hora, é o jeito."

Ele se mostra cético com a possibilidade de ganhar recursos do governo para construir outra casa. "Conheço gente no (bairro do) Perpétuo que perdeu tudo na outra enchente (ocorrida em 2002) e até hoje não ganhou nada."

Barreira contra a lama

Outro morador do Féo, o pedreiro Leonardo Caldeira Mizael, 31 anos, tinha sua casa situada alguns metros acima da de Anderson. Leonardo diz que a sua moradia serviu como uma barreira que impediu a lama e os destroços de arrasarem com muitas casas outras abaixo. "Vi até carro voando aqui do lado", afirma.

Dentro de casa, o pedreiro mostra os estragos. Enquanto a sala e a cozinha ficaram apenas sujas, o seu quarto teve uma parede demolida pelo deslizamento, ficando inundado pela lama. O muro do lado de fora da residência foi arrancado do lugar em sua quase totalidade.

Leonardo estava ampliando a sua casa, construindo outros quartos no andar de cima, mas seus planos ficaram em suspenso: a Defesa Civil mandou ele, a mulher e dois filhos saírem do local. Ele tem medo de continuar morando ali, mas diz que não pode esperar muito tempo pelo aval do poder público.

"A Defesa Civil veio aqui e disse que a casa estava condenada, mas eles também não dão um lugar pra gente ficar", afirma. "Certamente quero continuar construindo, e espero ajuda do governo e da prefeitura."

O pedreiro afirma que, se a administração municipal não fizer nada, a própria comunidade vai começar a efetuar a limpeza do barro na semana que vem. Depois disso, a reconstrução das casas é uma questão de tempo.

"Tentar de novo"

O porteiro Giovane de Souza, 33 anos, e sua mulher, a vendedora Vera de Fátima Machado da Silva, tiveram parte da sua casa destruída pela avalanche que atingiu o Féo na última quarta-feira. Segundo Giovane, duas paredes da parte de baixo da casa ruíram com o impacto da lama.

No entanto, Vera afirma que as fundações da sua residência não apresentam danos sérios, nem sequer rachaduras. "Até os vidros das janelas da parte de cima ficaram inteiros", diz.

Giovane e Vera se mostram reticentes de continuar em sua casa. A vendedora, principalmente, se mostra assustada: assim que a chuva começa a cair no Féo, ela foge da sua residência, onde foi buscar alguns pertences, e sobe o morro em direção de um local que considere seguro.

No entanto, a exemplo dos seus vizinhos, o casal não pretende esperar muito tempo para voltar a ter uma casa - nem que seja no mesmo local de antes.

"Eu estou pensando nisso. Vou dar um tempo e ver o que acontece. Querer, eu não quero (ficar), mas não sei se tem saída", afirma Vera. "Se a prefeitura demorar muito, o negócio é a gente ir lá e tentar de novo."

Poder público

O coordenador do 3º Centro de Apoio das Promotorias de Justiça Cíveis do Ministério Público do Rio, Leônidas Filippone, afirma que, pela experiência de casos anteriores, é sabido que pode ocorrer a reocupação de locais que estejam em risco.

"Estamos articulando com as prefeituras para que ela use poder de polícia para tomar medidas preventivas, para que casas desocupadas sejam interditadas e para evitar o retorno das pessoas", afirma.

A reportagem da BBC Brasil entrou em contato com a prefeitura de Teresópolis para se manifestar a respeito do assunto, mas não obteve retorno.





Apple e os jornais gratuitos

Do Blog do Nassif

Apple proíbe jornal gratuito no iPad


Do Twitter do José Roberto Toledo 
o lado escuro da maçã “@IDGNow: Apple proíbe que jornais dêem aos assinantes versão gratuita no iPad http://bit.ly/hllYZG

Do IDG Now


Por Macworld / Reino Unido

Publicada em 18 de janeiro de 2011 às 14h40

Empresa estaria insatisfeita por perder a taxa de 30% das negociações a partir dos aplicativos; publicações europeias já foram notificadas.

Jornais estão sendo informados pela Apple de que eles não podem mais oferecer aos seus assinantes da versão impressa acesso gratuito à versão do iPad. De acordo com informações dos sites alemãesdeVolkskrant e nrc.nl, a empresa estaria insatisfeita com a perda de 30% do valor das transações a partir dos apps e irá banir a prática depois do dia 01/04.

yle="font-size: small;">AlguAlguns veículos europeus informaram que foram avisados pela Apple. Mas ainda não há informações a respeito de jornais norte-americanos terem sido notificados pela empresa de Steve Jobs. Enquanto isso, continua incerto o lançamento do The Daily, jornal da News Corp exclusivo para iPad, que custaria 99 centavos por semana, com conteúdo diário para seus assinantes.


Rumores davam conta que Steve Jobs estaria pessoalmente envolvido no projeto e que talvez subisse ao palco para o evento de lançamento com o dono da News Corp, Rupert Murdoch, porém não só a data (19/01) parece muito próxima, como também o aviso sobre o afastamento de Steve Jobs da Apple por motivos de saúde contribuem para a incerteza do prazo.

O velho lobo do mar

Do Estadão

Justiça suíça congela US$ 13 mi das contas de Maluf


Se somado ao dinheiro ainda bloqueado nas ilhas Jersey, a família Maluf conta com um total de US$ 35 milhões confiscado temporariamente na Europa


GENEBRA - A Justiça suíça decide manter sob confisco mais de US$ 13 milhões em nome da família do ex-prefeito Paulo Maluf em contas nos bancos do país dos Alpes. Se somado ao dinheiro ainda bloqueado nas ilhas Jersey, a família Maluf conta com um total de US$ 35 milhões confiscado temporariamente na Europa.


A decisão do congelamento dos bens em contas na Suíça foi tomada nos últimos dias de 2010, mas apenas se tornou pública na segunda-feira. Dez anos depois de informar o Brasil sobre as movimentações suspeitas de Maluf, o governo suíço havia enviado um questionário à Justiça brasileira para saber se ainda queria manter o dinheiro congelado.


Em 2001, o Ministério Público de Genebra comunicou Brasília sobre a movimentação em nome do ex-prefeito que, naquele ano, retirou dos bancos da cidade dezenas de milhões de dólares e os transferiu, segundo o próprio ex-procurador-geral de Genebra, Bernard Bertossa, para as Ilhas Jersey, onde já possui conta. Mais de US$ 110 milhões teriam sido transferidos para o paraíso fiscal.


Nem tudo, porém, foi enviado e o montante que ficou na Suíça acabou sendo congelado, sob a suspeita de ser fruto de corrupção e desvio de verbas públicas. Segundo a Justiça, porém, o dinheiro estaria em grande parte em contas no nome de uma empresa offshore ligada à filha do ex-prefeito, Lygia Maluf, na cidade de Lausanne.


O objetivo do congelamento era o de permitir que um processo no Brasil pudesse avançar e, se condenado, Maluf teria de devolver o dinheiro aos cofres públicos. O problema é que, dez anos após a descoberta dos recursos, até hoje a Justiça brasileira não conseguiu condenar em última instância o ex-prefeito. Segundo confirmou a assessoria de imprensa do Ministério Público suíço, a devolução do dinheiro apenas pode ocorrer se houver uma condenação de Maluf no Brasil e nenhum recurso puder ser apresentado.


Ainda assim, o MP considerou que, diante dos indícios apresentados pelos promotores brasileiros, seria "justificável" manter os recursos em sequestro. Para renovar o bloqueio, os suíços avaliaram os estudos e investigações feitas no Brasil sobre o trajeto do dinheiro.


A corte de Jersey também havia aceitou em 2010 uma acusação apresentada pela prefeitura de São Paulo e congelou de forma preventiva US$ 22 milhões em ações que supostamente pertencem a empresas da família Maluf. O dinheiro seria parte do esquema que transferiu recursos públicos nos anos 90 para contas no exterior. A acusação apresentada indica que Maluf teria fraudado a cidade de São Paulo, com a ajuda de empreiteiras e de seu filho, Flávio Maluf.


Para tentar garantir a condenação, os advogados da prefeitura submeteram à Jersey uma série de documentos. Um deles aponta que, apenas no dia 8 de janeiro de 1998, uma transferência de R$ 2 milhões foi feita à família por uma construtora. Entre 1997 e 1998, essa construtora recebeu cerca de R$ 57,2 milhões da prefeitura de São Paulo como forma de pagamento por contratos obtidos. Esse dinheiro, segundo o documento, seria fruto de recibos falsos entregues pela construtora à prefeitura, que ainda assim os pagava.


O dinheiro das propinas a Maluf e sua família iam para a conta Chananim, no Banco Safra de Nova Iorque. De lá, os recursos seguia para as contas da Durant Internacional, uma offshore, nos bancos Deutsche, Morgan e Grenfell Limited em Jersey entre 14 de janeiro de 1998 e 23 de janeiro daquele ano.


Para tentar provar que o envolvimento de Maluf com as offshore, os advogados da prefeitura ainda entregaram ao tribunal cartas dos advogados de Maluf em Genebra, Schellenberg Wittmer, aos gerentes de contas do Deutsche Bank de Jersey, mostrando a relação entre o ex-prefeito e as empresas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Qual o valor de uma vida?

Do Vi o mundo

Marcelo Lopes: Os cavalos e o filho do empregado


Azenha, meu nome é Marcelo Nogueira Lopes.


Estou enviando uma matéria que passou no JN de sábado. Entrevistaram o responsável pelo Jockey e ele fala dos cavalos que morreram e por último de uma criança de 5 anos. Ficou muito estranho, pois ele lamentava a morte dos cavalos e a criança não teve tanta importância assim. Estou enviando o link também pois lá tem a entrevista que saiu no JN.


http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/01/quinze-cavalos-do-jockey-club-brasileiro-morrem-em-itaipava-rj.html


Quinze cavalos do Jockey Club Brasileiro morrem em Itaipava (RJ)


Muitos passaram três dias dentro da lama. Tragédia na Região Serrana do Rio atingiu também um dos mais importantes centros de treinamento de cavalos do país.


Cerca de 120 cavalos viviam em um haras, no Vale do Cuiabá, em Itaipava, distrito de Petrópolis. É o principal centro de treinamento do Jóquei Clube do Rio de Janeiro. Quinze cavalos morreram. Alguns ficaram feridos. Muitos passaram três dias dentro da lama.


“Um desespero. Você ver o cavalo morrer. Parte das cocheiras foi destruída. O cavalo foi levado água afora. Perdemos casas, empregados, perdemos o filho de 5 anos de um empregado nosso. É muita tristeza”, contou o veterinário Leopoldo Curi.

Presidente do Equador entrega propostas para consulta da Corte Constitucional; uma delas, sobre regulação da mídia

Dentre outros aspectos, uma das questões enviadas por Rafael Correa trata de regulação nos meios de comunicação. (Via Susana Morán, do jornal equatoriano El Comercio).


A pergunta é: "4.- Con la finalidad de evitar los excesos en los medios de comunicación, ¿Está usted de acuerdo que se dicte una ley de comunicación que cree un Consejo de Regulación que norme la difusión de contenidos en la televisión, radio y publicaciones de prensa escrita, que contengan mensajes de violencia, explícitamente sexuales o discriminatorios; y que establezca los criterios de responsabilidad ulterior de los comunicadores o los medios emisores?"


Para ler toda a notícia (em espanhol), clique aqui


 

Polícia de SP reprime manifestação com balas de borracha

Do Conversa Afiada





domingo, 16 de janeiro de 2011

História do videogame

Via @diego_calazans

[vimeo http://vimeo.com/18743950]

Chuvas e chuvas

Via Prof. Toni, por email (dica da @ju_freitas):


"não se trata de comparar tragédias...‏ mas sim de restabelecer verdades históricas. A mídia insiste em dizer que a tragédia da região serrana do RJ é a maior do país, mas vejam o artigo abaixo:


Maior tragédia do Brasil foi na Serra das Araras


Aurélio Paiva

Uma cruz de 10 metros na subida da Serra das Araras (Piraí-RJ), no local conhecido por Ponte Coberta, marca o início de um enorme cemitério construído pela natureza. Lá estão cerca de 1.400 mortos (fora os mais de 300 corpos resgatados) vítimas de soterramento pelo temporal que atingiu a serra em janeiro de 1967. Foi a maior tragédia da história do país, superando o número de mortos da atual tragédia na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, hoje acima de 500.

No episódio da Serra das Araras, suas encostas praticamente se dissolveram em um diâmetro de 30 quilômetros. Rios de lama desceram a serra levando abaixo ônibus, caminhões e carros. A maioria dos veículos jamais foi encontrada. Uma ponte foi carregada pela avalanche. A Via Dutra ficou interditada por mais de três meses, nos dois sentidos.

A Revista Brasileira de Geografia Física publicou, em julho do ano passado, a lista das maiores catástrofes por deslizamento de terras ocorridos no país. O episódio da Serra das Araras, com seus 1700 mortos estimados, supera de longe qualquer outro acidente do gênero no país.

Para se ter uma idéia do que ocorreu na Serra das Araras basta comparar os índices pluviométricos. A atual tragédia de Teresópolis ocorreu após um volume de chuvas de 140mm em 24 horas. Na Serra das Araras, em 1967, o volume de chuvas chegou a 275 mm em apenas três horas. Quase o dobro de água em um oitavo do tempo.

Mas o episódio da Serra das Araras parece ter sido apagado da memória do país e, especialmente, da imprensa. O noticiário dos veículos de comunicação enfatiza que a tragédia da Região Serrana do Rio superou o desastre de Caraguatatuba em março de 1967 (ver abaixo). O caso da Serra das Araras, ocorrido em janeiro daquele mesmo ano, sequer é citado.

Até a ONU embarcou na história e colocou a tragédia atual entre os dez maiores deslizamentos de terras do mundo nos últimos 111 anos.

Caraguatatuba

O ano de 1967 foi realmente atípico. Em março, dois meses após a tragédia da Serra das Araras, outro desastre atingiu Caraguatatuba, no litoral paulista. Chovia quase todos os dias desde o início do ano (541mm só em janeiro, o dobro do normal). Do dia 17 para 18 de março, um temporal produziu quase 200 mm de chuvas em um solo já encharcado. No início da tarde de 18 de março, sábado, a tragédia aconteceu sob intenso temporal que chegou a acumular 580mm de chuvas em dois dias (Teresópolis teve 366mm em 12 dias).

Segundos os relatos da época, houve uma avalanche de lama, pedras, milhares de árvores inteiras e troncos que desceu das encostas da Serra do Mar, destruindo casas, ruas, estradas e até uma ponte. Cerca de 400 casas sumiram debaixo da lama. Mais de 3 mil pessoas ficaram desabrigadas (20% da população da época). O número de mortos - cerca de 400 - foi feito por estimativa, pois a maioria dos corpos foi soterrada ou arrastada para o mar.

Detalhe: Caraguatatuba, em 1967, era um balneário turístico de 15 mil habitantes. Dá para imaginar quais seriam as consequências se aquela tragédia ocorresse hoje, com os atuais 100 mil habitantes.

 


Serra das Araras - 1967

‘Vimos mortos nas árvores, braços na lama'


Bárbara Osório-MacLaren nasceu na Alemanha em janeiro de 1939. Tendo sobrevivido à II Guerra Mundial, veio para o Brasil com a família em 1950, quando tinha 11 anos, atendendo a um chamado do avô materno, que já vivia no país.

Foi morar em São Paulo, na Tijuca Paulista, fez Admissão no Externato Pedro Dolle e, quando jovem, estudou no Ginásio Salete. Frequentava o Clube Floresta: "Nos encontrávamos (com os amigos) para nadar ou praticar outro esporte", relembra.


Em 1961, mudou-se para a Inglaterra. Seis anos depois, aos 28 anos de idade, voltou ao Brasil para rever os amigos.
Já no Rio de Janeiro, em 22 de janeiro de 1967, às 23 horas, tomou um ônibus da Viação Cometa com destino a São Paulo. Um temporal desabou na Via Dutra, que acabara de ser duplicada. Nunca, naquela região, se havia visto ou iria se ver uma chuva tão forte quanto aquela que presenciava a jovem alemã e que ela relata a seguir:

- Dentro de 40 minutos, na Via Dutra, houve um temporal. O nosso ônibus já estava na subida, mas a estrada se abriu a nossa frente. Lá ficamos até a manhã do dia seguinte. Pela rádio ouvimos os gritos de pessoas em outros carros, estavam sufocando na lama.

Bárbara dá detalhes: "Pela manhã, descemos o morro a pé, vimos mortos nas arvores, braços na lama, as reportagens nos jornais falavam de mais de 400 mortos. Eu desmaiei no transporte de caminhão desta cena ao Centro do Rio. Quando acordei do coma ou desmaio, estava em Lisboa, Portugal. Em outras palavras, em vez de me levarem a um hospital no Rio, me despacharam para a Europa".

A experiência da jovem alemã, hoje com 72 anos, foi contada há dois anos em um depoimento ao site "São Paulo Minha Cidade" e dá a dimensão do que ocorreu na Serra das Araras em 1967.

Mas seu depoimento, 42 anos após a tragédia, é uma raridade. Há poucas histórias registradas sobre os acontecimentos da época, por duas razões: carência de boa cobertura jornalística, em virtude dos parcos recursos tecnológicos da imprensa no período, e o fato de que o episódio foi tão trágico que poucos sobreviveram para testemunhá-lo.

Outra das poucas histórias que sobreviveram também envolve um cidadão estrangeiro. É a história do motorista do ônibus prefixo 529 da Viação Cometa, que salvou a vida de quase todos os passageiros. O motorista, quando vislumbrou a tragédia que poderia se suceder, pediu que todos deixassem o ônibus, mas um estrangeiro recusou-se à deixar o veículo. Poucos minutos depois, uma rocha rolou e caiu sobre o ônibus, matando o estrangeiro.

Advogado lembra trabalho de presos


O advogado Affonso José Soares, de Volta Redonda, que morava em Piraí na época da tragédia, lembrou que, na madrugada da tragédia na Serra das Araras, trabalhava em um habeas corpus para a libertação de sete presos. Eles haviam sido detidos, em flagrante, cerca de dois meses antes, praticando um jogo ilegal de aposta conhecido como "Jogo da Biquinha". Durante a madrugada, percebeu o barulho do estrondo, mas continuou o trabalho com o auxílio de um lampião, já que a cidade ficou às escuras por causa dos deslizamentos na serra.

- Estava trabalhando no meu escritório e escutei o estrondo por volta de uma ou duas horas da manhã. Estava trabalhando intensamente em um habeas corpus para sete presos que estavam na cadeia de Piraí e, quando as luzes se apagaram, tive que usar um lampião durante a madrugada toda - lembrou.

Na manhã seguinte, segundo ele, o município foi "invadido" por passageiros do Rio de Janeiro e de São Paulo, que ficaram impossibilitados de passar pela serra devido aos desmoronamentos e crateras.

- Foi uma ocorrência de acidente muito grave. Os ônibus de São Paulo e carros do Rio entravam em Piraí e não tinham como seguir viagem. O comércio foi praticamente invadido por passageiros. A tromba d'água tinha destruído praticamente todo o acesso. Na Serra das Araras, havia crateras enormes. Demoraram quatro ou cinco meses para restabelecer a situação - lembrou.

Antes do meio dia, no dia da tragédia, o advogado lembra que foi procurado pelo delegado que pediu sua ajuda para convencer os presidiários a colaborarem no resgate das vítimas.

- O contingente da delegacia era de cinco pessoas, entre policiais militares e civis e havia necessidade imediata de pessoas para realizar o trabalho de prestar socorro às vítimas presas nas crateras. O delegado acrescentou que os presos depositavam confiança em mim e me respeitavam e que eu poderia convencê-los a ajudar - continuou.

Ao dirigir-se àquele que seria o "líder" dos presos, Affonso recordou que frisou a oportunidade de os presos mostrarem humanidade e solidariedade.

- Falei que eles estavam tendo uma oportunidade de prestar um serviço público e demonstrar espírito solidário. Mesmo assim, lembrei que se esboçassem qualquer reação de rebeldia poderiam ter sérios problemas, porque eu tinha material suficiente para incriminá-los. Eles aceitaram e pediram para dizer que estavam nas mãos do delegado - acrescentou o advogado.

Os sete presos fizeram o trabalham mais pesado do salvamento: foram amarrados por cordas e descidos até o local em que estavam às vítimas. Além de auxiliar no salvamento e nos primeiros socorros aos sobreviventes, apanhavam corpos e os traziam abraçados.

"Eles eram fortes e fizeram um trabalho que ninguém queria fazer. Trabalharam por 48 horas e voltaram à delegacia para ajudar na parte burocrática", frisou Affonso.

Dias depois, por intermédio de um escrivão piraiense que vinha de São Paulo, Affonso descobriu que o trabalho executado pelos presos havia ido parar na primeira página do Jornal da Tarde com o título "Os sete homens bons". Sem pestanejar, anexou a reportagem ao processo que estava organizando.

- Apanhei a primeira página do Jornal da Tarde e juntei ao habeas corpus e tenho certeza que isso contribuiu para obter a liberação deles. Eles demonstraram seu lado humano, o de quem não é só criminoso, bandido - explicou.

Fonte: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/4,34343.html#axzz1AxEtkmng

sábado, 15 de janeiro de 2011

Ubatuba, 2010

Estive em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, entre os dias 10 e 14. Pelo terceiro ano consecutivo, a praia da Lagoinha é nosso destino de férias. Mas, de todos, essa foi a viagem mais complicada em termos de trânsito e até assustadora com relação à chuva pelo caminho.


Na ida, o trajeto de 235 km foi feito em cinco horas e meia. Para voltar, o mesmo tempo. E chuva, mas muita chuva. Ela nos acompanhou em 90% do caminho de volta. Em alguns momentos, nas rodovias dos Tamoios e Ayrton Senna, não era possível enxergar mais que dois carros à frente.


É muito preocupante trafegar pela rodovia dos Tamoios (SP 099 e, portanto, estadual) com chuva. O asfalto é de má qualidade, esburacado em diversos pontos; há muitos pontos de queda de barreira; e, para completar, as curvas sinuosas dão o "tempero" da estrada (certamente, essa estrada não figura entre as "10 melhores estradas do Brasil" que se encontram em São Paulo).


Quando retornamos, ao entrar na capital, mais medo. Nos deparamos com um rio Tietê com nível d'água alarmante e muitas filas, tanto nas marginais quanto pelo centro de São Paulo. Presenciamos um quase acidente: dada a quantidade de água na pista, um ônibus que andava ao lado de um carro passou por uma grande poça, lançando água que cobriu o veículo de passeio. O motorista do carro encoberto pela "onda", assustado, freou bruscamente. Por sorte a pista estava vazia atrás dele.


Abaixo, posto algumas fotos da situação da estrada e, a seguir, um vídeo do Aquário de Ubatuba (mas vale uma ressalva: pelo preço - inteira R$ 15,00 -, a atração deixa a desejar, pois o aquário é pequeno e tem pouca variedade de espécimes. O mais bacana são os pinguins que por sorte vimos sendo alimentados):




[caption id="attachment_1190" align="aligncenter" width="1024" caption="Secos e molhados: de uma hora pra outra veio o temporal. Na ida a chuva foi mais leve, já na volta..."][/caption]





[caption id="attachment_1199" align="aligncenter" width="1024" caption="Tapa-buraco no início da Tamoios: filas de quase 2km"][/caption]

[caption id="attachment_1193" align="aligncenter" width="1024" caption="Homens trabalham para minimizar os efeitos dos inúmeros deslizamentos de terra às margens da rodovia"][/caption]

[caption id="attachment_1194" align="aligncenter" width="1024" caption="Asfalto de péssima qualidade. Buracos agravados pelas chuvas constantes dessa época do ano"][/caption]

[caption id="attachment_1195" align="aligncenter" width="1024" caption="Reforço de ponte na Tamoios"][/caption]


Sobre o Aquário:






quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mais do rock internacional

Continuando com a seleção do Alex, aqui vão mais algumas!

Dream Theater - About to Crash







The Who - Pinball Wizard







Pink Floyd - Time






Led Zeppelin - Heartbreaker Studio Version







Dream Theater - Another Day








E por essa semana é só! As postagens agendadas ficam por aqui. Até breve!

Seleção de rock internacional

As músicas abaixo foram indicadas pelo meu amigo Alex Araújo, outro rapaz que (assim como o @AndreasCouto) manja muito de música. Como estou passando por um processo de "reciclagem musical", ele vem me apresentando bandas e músicas que estão de acordo com minha preferência por sons não muito barulhentos. Destaco:


Hey You e Confortably Numb, ambas do Pink Floyd












Stairway to Heaven, do Led Zeppelin







E, por fim, Throw Down The Sord, do Wishbone Ash







Sugestões para minha "reciclagem musical"? Mandem pra cá!



http://www.youtube.com/watch?v=ugxFcmZXDyc

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Uma pauta, duas visões

Já passou, mas não custa relembrar. Exercício interessante para jornalistas e não-jornalistas:






Plágio (republicação)

Publicado em 27/06/2009



Blog do Kayser

Saudades (republicação)

Publicado em 26/12/2008

Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim…do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais certeza disso.Em breve cada um vai pro seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar quem sabe…..nos e-mails trocados. Podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens…Aí os dias vão passar, meses…anos…até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo… Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão?Quem são aquelas pessoas? Diremos…Que eram nossos amigos. E… isso vai doer tanto!Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente…Quando o nosso grupo estiver incompleto… nos reuniremos para um último adeus de um amigo.E entre lágrimas nos abraçaremos. Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.E nos perderemos no tempo…Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades seja a causa de grandes tempestades…


“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!”


FERNANDO PESSOA


Texto enviado pela amiga Luiza Maritan

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Seleção Raul Seixas

Aluga-se - Raul Seixas







Gita - Raul Seixas








Ouro de tolo - Raul Seixas







Raul Seixas - Maluco Beleza







Raul Seixas - Metamorfose Ambulante






O trem das 7 - Raul Seixas








Eu nasci há 10 mil anos atrás - Raul Seixas







Medo da Chuva - Raul Seixas







Óculos escuros - Raul Seixas







Cowboy fora da lei - Raul Seixas