O todo é feito de pequenas partes

Hoje após o almoço tive acesso ao jornal do Vale do Paraíba (Valeparaibano). Não me interessei muito em ler, pois se tratando de um jornal desconhecido (pelo menos pra mim). Fui à página de Opinião, para ver os editoriais que o jornal trazia, me deparei com um título interessante:
"O Estado sou Eu?", que falava de um prefeito do PSBD (São José dos Campos).

O Estado Sou Eu?

Por que esse intensivo de história política?Bem, ele se encaixa perfeitamente como pano de fundo para a resposta lapidar dada pelo prefeito Eduardo Cury (PSDB) quando questionado pelo valeparaibano do porque da indicação de Alberto Mano Marques para o cargo de secretário de Educação de São José. "O cargo é meu, eu escolho quem eu quero", respondeu Cury, transformando a indicação de um secretário municipal --cujo salário é pago com o dinheiro do contribuinte e cuja tarefa é administrar uma fatia de um orçamento constituído por recursos públicos-- em um mero capricho pessoal. Eu quero. Resposta mal dada para uma pergunta que estava sendo feita nos quatro cantos da cidade: afinal, porque o engenheiro naval Mano Marques, empresário de uma academia de ginástica e com uma passagem sem altos e baixos pela Secretaria de Esportes no primeiro governo Cury, estava sendo escalado para um setor estratégico para a cidade?De olho no futuro da cidade, tomara que Mano Marques tenha uma passagem excelente na Secretaria de Educação, forme uma equipe de apoio competente e supreenda seus críticos. Esses votos, que são sinceros, têm um bom motivo: perder tempo, dinheiro público e bons projetos em uma área tão importante quanto a Educação é terrível.Do episódio, fica uma visão distorcida do poder vinda de um político jovem, promissor, de sucesso que é o prefeito Eduardo Cury.

No Estado moderno, construído no Brasil graças a anos e anos de esforço, os detentores de cargos públicos têm, sim, a obrigação de explicar seus atos. Não é favor, é obrigação. O voto e o mandato popular não são passaportes ou salvo-condutos incondicionais, um espécie de cheque em branco entregue ao político para o que der e vir. Não. No Estado moderno, bem diferente daquele de Luís 14 na França do século 17, governo e sociedade interagem, negociam, conflitam. Dialogam.

Eu quero? Isso não é argumento político. A sociedade espera e merece mais de quem a representa.

Esse é o partido de José Serra.