quinta-feira, 29 de julho de 2010

Análise comparativa dos candidatos ao governo de SP

Para ler sobre a sabatina de Mercadante e Alckmin clique aqui e aqui, respectivamente.

Antes de partir para a análise propriamente dita, devo fazer algumas observações:




[caption id="attachment_581" align="alignleft" width="300" caption="Celso Russomano, do PP, na sabatina. Foto: Folha/UOL"][/caption]

- As sabatinas foram feitas com os 3 candidatos mais bem colocados nas últimas pesquisas de intenção de voto - Celso Russomano (PP), Aloizio Mercadante (PT) e Geraldo Alckmim (PSDB). Não assisti ao evento com o candidato do PP, mas se você quiser saber mais a respeito e assistir na íntegra, clique aqui. O folclórico Paulo Maluf, que teve a candidatura impugnada essa semana, estava lá, sentado na primeira fila apoiando seu candidato.


- A frase título do texto que trata só sobre a sabatina de Geraldo Alckmin foi proferida por ele duas vezes quando se referiu a conquistas durante o seu mandato (se é plus, já é mais, oras!)


Bem, alguns aspectos observados são interessantes. Na sabatina do tucano, o teatro estava mais cheio do que de Mercadante, tanto de plateia, quanto dos apoiadores do partido e da candidatura. As pessoas de mais idade eram a maior parte do público hoje, o que não ocorreu na sabatina do petista.


Com relação aos jornalistas, a mais incisiva e provocadora, certamente, foi Monica Bergamo. Os demais também fizeram ótimas perguntas. E o mais importante: não teve proteção ou exploração excessiva desse ou daquele tema para beneficar ou destruir determinado candidato. Os questionamentos foram precisos e certeiros e até, em alguns momentos, com pitadas de humor. Porém, no evento de Mercadante, os aspectos abordados extrapolaram em demasia o estado, passando para questões nacionais, em detrimento do foco estadual.


Mercadante bateu mais em Alckmin, talvez tenha exagerado no tom. O tucano fez menos referências negativas ao governo Lula. Já o candidato do PT não poupou críticas, usando palavras como "oligarquia" para se referir à gestão tucana do Estado, mas como disse Fernando Rodrigues foram resultados frutos de um processo democrático.


Sobre eventos externos, o candidato do PT afirmou que Alckmin está escondido. Ao final da sabatina, o tucano foi tomar café na Casa do Pão de Queijo. Belo evento público. Caminhar sob ar-condicionado é moleza. Agora, faltou isso a Mercadante. Termianado o evento , ele cumprimentou pessoas e foi embora sem café. Talvez um maior contato com os passantes teria sido proveitoso para sua campanha. Aproveitando o quesito "receptividade popular" e carisma, Aloizio foi mais simpático e demonstrou mais força de personalidade do que Geraldo, que com seu sorriso amarelo, meio "picolé de chuchu" foi passando.




[caption id="attachment_580" align="alignleft" width="300" caption="Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT) ao deixarem a sabatina; Celso Russomano também participou do evento "][/caption]

É mal de candidatos do PSDB se atrasarem! Mercadante chegou com quinze minutos de antecedência, Alckmin com quinze de atraso. Na sabatina de José Serra, este chegou atrasado em 1 hora. Alguém que pretende alcançar o Planalto ou o Palácio dos Bandeirantes e governar um país ou o Estado economicamente mais rico da Nação deveria ter, no mínimo, respeito com as pessoas que estão lá só para assistí-los e ouvir suas propostas.


Importante ressaltar a diferença dos candidatos no trato da educação e esclarecer um ponto da fala de Alckmin. O ex-governador, questionado sobre a progressão continuada, defendeu o modelo atual e disse que foi criada pelo PT, com Paulo Freire na secretaria de Educação de Luiza Erundina. Necessita-se discernir sobre progressão continuada e aprovação automática. O último é o que ocorre em São Paulo, fato que gera prejuízos incalculáveis à educação das crianças frequentadoras das escolas públicas. O educador Paulo Freire propôs um modelo, cuja implementação não gerasse perdas aos educandos (leia aqui, para mais informações sobre o tema). Alckmin quis jogar a responsabilidade da incompetência tucana ao gerir a educação sobre Paulo Freire, ao ignorar esses conceitos. O candidato do PT é categórico e diz que se eleito acabará com a aprovação automática.


Por último gostaria de ressaltar um ponto de me chamou a atenção, aliás, dois. O primeiro refere-se à segurança pública. Achei o tema pouco explorado por ambos os candidatos, que apostam na modernização das polícias Civil e Militar. Mas, na questão do PCC, por exemplo, Alckmin não garantiu que não voltarão a ocorrer ataques da facção contra o estado e escorregou demais para fugir e não responder de forma satisfatória sobre esse tema (assim como sobre os pedágios). O outro ponto é a publicidade governamental. Alckmin diz que não vai gastar muito com anúncios de feitos de seu eventual governo, pois segundo ele, você mostra o que faz fazendo um bom governo. Pois sua resposta é exatamente o contrário de seu colega de partido José Serra (clique aqui, para ler sobre os gastos de Serra com publicidade). Ou seja, o próprio "amigo do Serra a 30 anos" não considera o governo dele bom. Pelo menos, quando questionado sobre temas espinhosos, Geraldo Alckmin não age com truculência. Mercadante apresentou propostas mais consistentes.

"Dei um plus a mais", afirma Alckmin

Amanhã: uma análise comparativa do desempenho no evento e das propostas de Aloizio Mercadante e de Geraldo Alckmin




[caption id="attachment_571" align="alignleft" width="300" caption="O candidato Geraldo Alckmin responde as perguntas de jornalistas e da plateia na última sabatina da Folha"][/caption]

Encerrando a série de sabatinas promovidas pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo UOL com os candidatos ao governo do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, compareceu ao Teatro Folha para responder as perguntas dos jornalistas convidados e da plateia (tanto a presencial, quanto a online).


O evento, que começou com quase meia hora de atraso - o candidato chegou às 11h15; o horário de início da sabatina era às 11h -, abordou os temas gerais, e era esperado mais ênfase nas questões relativas à  segurança pública. Entre as muitas figuras políticas na plateia, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o candidato ao Senado pelo PMDB, Orestes Quércia.


Logo de cara, Alckmin foi perguntado sobre supostamente estar se escondendo do eleitor ao realizar menos caminhadas e eventos abertos do que seus adversários (especialmente Aloizio Mercadante). Ele contestou, disse ter feito caminhadas,  e até um comício, nas últimas cidades visitadas. Afirmou também estar ouvindo a sociedade e que a população está muito madura, reconhecendo a eficiência e honestidade do governo PSDB, e completou: "Padrinho ajuda, mas não é suficiente nas eleições".


Ao falar dos pedágios, escorregou e não respondeu se os pedágios, principalmente o da Imigrantes, não são caros. Disse haver dois modelos de concessão de estradas e que o atual dá certo, mas disse rever "caso a caso" os contratos com as concessionárias das estradas paulistas. Afirmou ainda ser "a favor da redução da carga tributária".


Além disso, para todas as obras de infraestrutura, considera fundamental o que chamou de PPP (Parceria Público-Privada). Monica Bergamo perguntou se os resultados alcançados pelo metrô até agora não são "muita fanfarra para pouca coisa inaugurada". O tucano disse que os avanços são enormes, não só na rede metroviária, mas nos trens metroplitanos, e  afirmando não haver "um centavo" da União, criticou: "O governo federal é bom pra atacar".


A expectativa maior (pelo menos a minha) era na questão da segurança pública, já que São Paulo sofreu aquela onda de ataques do PCC dois meses depois que Alckmin deixou o comando do estado para concorrer à presidência do Brasil. O candidato disse que vai reajustar os salários de policiais, informatizar viaturas e investir no setor de inteligência e investigação.




[caption id="attachment_573" align="alignleft" width="300" caption="O tucano dá entrevista após o evento"][/caption]

Classificou a violência como "uma guerra" a ser vencida diariamente. A plateia (e eu fui um deles) enviou perguntas sobre os ataques e questionando a respeito de uma garantia de que não mais ocorressem. O ex-governador só respondeu que a segurança pública melhorou muito e apresentou dados estatísticos da redução de determinados crimes.



O evento já se encaminhava para as considerações finais quando um sujeito usando um chapéu de couro nordestino, só que adornado com faixas de apoio a Geraldo Alckmin, ergueu-se no fundo do teatro e perguntou se podia fazer um "questionamento" ao "doutor Geraldo". A situação foi contornada com habilidade pelo jornalista Fernado Canzian: "se o senhor queria fazer alguma pergunta deveria ter enviado por escrito".


Para ver a íntegra da sabatina com o tucano, clique aqui



Fotos: Disimo

quarta-feira, 28 de julho de 2010

"A população quer respostas", diz Mercadante




[caption id="attachment_563" align="alignleft" width="300" caption="Aloizio Mercadante durante as duas horas de sabatina no Teatro Folha, em Higienópolis"]Foto: Disimo[/caption]

O candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante, participou hoje pela manhã, no Teatro Folha, da sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal de notícias UOL. Com aproximadamente quinze minutos de antecedência, chegou sorrindo e cumprimentando aliados políticos, jornalistas, funcionários do teatro e pessoas que passavam pelo local. Pontualmente, às 11h, deu-se início ao evento com Fernando Canzian, repórter especial da Folha, Mônica Bergamo, colunista da Folha, Denise Chiarato, editora do caderno Cotidiano, e Irineu Machado, editor-executivo do UOL Notícias fazendo perguntas. Na plateia, assinantes do jornal e do provedor e políticos, como o senador Eduardo Suplicy e Arselino Tatto. Após a primeira hora, o candidato respondeu a perguntas formuladas pela plateia e enviadas por internautas.


PSDB, alternância de poder e Lula


Mercadante criticou o atual governo paulista e as gestões anteriores, disse que o estado de  São Paulo já está esgotado dos tucanos e o povo quer a mudança. Defendeu a alternância de poder, pois a classifica como "saudável para o Estado", ainda mais onde "a oligarquia mais longa é a do PSDB". Para ele, a vontade popular está na militância de rua e na receptividade que encontra junto ao povo durante as caminhadas. "Saio mais às ruas que outros candidatos", referindo-se a  Geraldo Alckmin, o qual não tem feito caminhadas e eventos em locais abertos.


Durante todo o evento, citou inúmeras vezes Lula e as conquistas do governo federal nesses últimos 8 anos, procurando "colar" sua imagem à do presidente. Questionado sobre  isso, rebateu: "minha história é indissociável de Lula e do PT".


Educação


O candidato petista não vê educação sem tecnologia. Para ele, é necessário, modernizar radicalmente esse setor. Propõe a inclusão digital nas escolas, distribuindo lap tops e criando um portal para professores. De forma ambiciosa, diz querer implantar o recebimento de boletins escolares dos alunos pelos pais por "sms" e  sugere que a presença do estudante seja comprovada por um cartão eletrônico contendo um chip. Sobre os professores, afirma que "não serão tratados com cacetetes e borrachada, mas sim, com diálogo". Crê no fim da aprovação automática e em avaliações "reais" para estudantes e professores. "Não é reprovar. É ver onde estão as falhas e recuperar o aluno".


Transportes


Criticou o número e as tarifas de pedágios das rodovias estaduais, propondo uma revisão dos contratos. Classificou, também, o sistema ferroviário paulista como "abandonado" e afirmou serem necessárias parcerias para restaurar as ferrovias estaduais, de vital importância para a economia e "interiorização do desenvolvimento". Segundo Mercadante, o interior do Estado é muito mais do que um lugar para se instalar pedágios. Além disso, defendeu o TAV (Trem de Alta Velocidade) e que o alto custo da obra é um investimento válido.


Segurança pública


Defende a aproximação da Polícia Militar com a população, e melhorias no setor de inteligência da Polícia Civil. Divide os presos em quatro graus de periculosidade. Os detentos menos perigosos poderiam trabalhar e cumprir penas alternativas, que reduzem a reincidência.


Economia


Questionado sobre a venda do banco estadual Nossa Caixa, disse ser necessário ter uma instituição bancária gerida pelo Estado para intermediar com outros organismos, como o BNDES e BIRD, por exemplo. "Não necessariamente um banco comercial, mas de fomento". Disse que durante a crise financeira, o papel dos órgãos bancários públicos foi "fundamental" na saída da turbulência econômica e que "subestimaram a reação do Brasil".


O candidato se saiu bem nos questionamentos. Respondeu todas as perguntas e não destratou nenhum jornalista, pelo contrário, foi extremamente simpático e cortez, em




[caption id="attachment_564" align="alignright" width="300" caption="Mercadante deixando a sabatina"][/caption]

especial, quando falou da abertura da Copa em São Paulo, afirmando falta de ação do estado e da cidade de São Paulo. "A melhor alternativa é o Morumbi. Isso porque sou santista. Por mim a abertura seria na Vila Belmiro", brincou. Algumas propostas muito ambiciosas, outras nem tanto: aplicáveis e necessárias.

Para saber mais sobre as iniciativas de inclusão digital de Aloizio Mercadante, clique aqui

Para assistir, na íntegra,  a sabatina, clique aqui



Fotos: Disimo

sábado, 24 de julho de 2010

Admirável mundo novo?

Há pouco postei sobre matéria publicada na Folha que fala a respeito de uma peça teatral feita sem atores presentes. Explico: as imagens em 3D de apenas dois atores formavam diversos rostos flutuantes à frente de um fundo negro (nem palco havia). Seria isso considerado teatro? O diretor da “peça” diz que sim.

[caption id="attachment_556" align="alignright" width="178" caption="Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley"][/caption]

Coincidentemente, hoje, terminei de ler a obra Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Um livro excepcional. Em meio a diversas citações de Shakespeare, a história se passa em uma sociedade humana no futuro, em que Deus foi substituído por Ford (do “fordismo”- produção em série). Nesse “novo mundo”, não há doenças, tristezas ou desapontamentos. Por meio de avançadas técnicas científicas, o envelhecimento foi vencido, e a morte é agradabilíssima. Não há famílias (pai e mãe são consideradas palavras obscenas e engraçadas) e o Estado “produz” seres humanos, condicionando-os de acordo com as funções que exercerão no sistema. As castas vão de Alfa-mais, o topo social, a Ýpsilon, a base da pirâmide social. Livros e outras formas de arte não fazem parte do cotidiano social, mas sim, perfumes, músicas “sintéticas”, cinemas sensíveis e uma enorme quantidade de esportes tecnológicos. A base social é a estabilidade e o consumo. Vê-se muito da crítica ao sistema da época em que o livro foi publicado (1930, um ano após a quebra da Bolsa de Nova Iorque), contudo se levarmos em conta inúmeros aspectos tratados nos livros, a atualidade impressiona e faz pensar, principalmente os conceitos da moralidade vigente no meio social. Tudo vai bem, até que alguns acontecimentos ameaçam por em risco a tão cultuada estabilidade (“toda mudança é perigosa”). Será que esse mundo novo é realmente admirável?


A substituição daquilo que é humano, físico pelo sintético seria necessariamente benéfica às pessoas? Será que vale a pena substituir os atores de uma peçapor meras representações geradas por uma máquina? Não se estariaindo longe demais? São boas intenções, dizem. Mas, delas, o inferno está cheio.

Peça de teatro sem atores

Breve farei uma postagem sobre o livro "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley


Da Folha de S. Paulo


Festival exibe peça de teatro sem atores


Palco também é eliminado no espetáculo da companhia canadense UBU Théâtre, que realiza projeção em 3D


Diretor afirma ter feito um "objeto teatral não identificado"; no final, público fica em dúvida se deve aplaudir ou não


MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


Um espetáculo sem palco e sem a presença de atores pode ser considerado teatro? Para o diretor canadense Denis Marleau, da Cia. UBU Théâtre, a resposta é "sim". Tanto é assim que sua releitura de "Os Cegos", do autor simbolista Maurice Maeterlinck (1862-1949), tem apenas imagens em 3D.
A montagem estreou no Festival de Rio Preto, anteontem, provocando discussões sobre os caminhos do teatro. "O ator não está em cena, mas a sua ausência instala a questão sobre sua presença", afirma Marleau.
Segundo ele, dessa forma o espetáculo se torna uma obra híbrida entre instalação de vídeo e teatro. "Talvez possamos chamá-la de objeto teatral não identificado", arrisca uma definição.
Na experiência sensorial proposta por Marleau, entra-se numa sala escura. No lugar do palco, 12 rostos "flutuam" sob fundo negro, sem que se veja o projetor. A partir daí, somente com movimentos de bocas e olhos desses personagens -seis homens e seis mulheres interpretados por apenas dois atores-, desenrola-se a trama da fábula criada em 1889 por Maeterlinck. Leia a matéria na íntegra aqui (disponível somente para assinantes)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Recordar é viver

Já que esse é um ano eleitoral, resolvi vasculhar o Youtube a procura de momentos que entraram para o folclore da política nacional. É meio que um "vale a pena ver de novo" dos ringues envolvendo políticos. Selecionei 10 vídeos, mas acreditem, há muito mais por ai, é só ter muita força de vontade - e estômago - para procurar e assistir. E é aquela velha máxima: "seria cômico, se não fosse trágico".


10º Lugar - Renan Calheiros e Tasso Jereissati discutem no Senado







9º Lugar - Renan Calheiros, Pedro Simon e Fernando Collor batem-boca sobre a renúncia de José Sarney. É nesse episódio que Collor manda o companheiro senador Simon engolir.







8º Lugar - Debate dos presidenciáveis de 1989. Ocorre o atrito entre o folclórico Paulo Maluf e Leonel Brizola.







7º Lugar - Em 2000, Marta Suplicy manda Paulo Maluf se calar







6º Lugar - Bate-boca no STF. Ministro Gilmar Mendes provoca e Joaquim Barbosa responde.







5º Lugar - Quércia "remixado": mentiroso, caluniador







4º Lugar - Mensalão do DEM - Membros da Câmara do DF recebendo dinheiro do contribuinte







3º Lugar - Dança da impunidade: Deputada do PT comemorando a absolvição de envolvido no escândalo do mensalão







2º Lugar - Gilberto Kassab chamando o trabalhador pobre de vagabundo







1º Lugar - José Serra desce a lenha em Heródoto Barbeiro após ser questionado sobre os pedágios absurdos em SP.









sábado, 17 de julho de 2010

A sepultura dos incômodos

Esse post trata de um assunto sepultado pela mídia brasileira – especialmente a paulista – e, espero, trazido à tona quando o horário eleitoral começar pra valer.

Era dia 12 de maio de 2006. Seria uma sexta-feira como outra qualquer. O dia das mães se aproximava. Mas, mal sabíamos a onda de violência, medo e pânico que se instauraria, principalmente, em São Paulo.

Ataques a bases policiais e do corpo de bombeiros; coquetéis Molotov arremessados contra agências bancárias; agentes de segurança alvejados por bandidos com pesadas armas de fogo; passageiros em pânico expulsos dos ônibus, que instantes depois ardiam nas chamas criminosas, labaredas reveladoras da incompetência e descaso do Estado com relação à segurança pública.

Quem não se lembra daqueles dias? O medo rondando as casas. Pessoas deixando de sair de casa para trabalhar e estudar, pois se saíssem poderiam não retornar. Onde estava o governo? Aonde fora o governador? Geraldo Alckmin, do PSDB, o tal partido político que hoje se vangloria de estar a 16 anos no poder em São Paulo, renunciara ao governo do estado para disputar as eleições presidenciais pouco tempo antes da onda de violência. Assume em seu lugar o vice, Cláudio Lembo, do antigo PFL, atual DEM. O vice revelou uma extrema incapacidade de resposta ao crime organizado (mais organizado do que as próprias forças governamentais). Negou ajuda federal por diversas vezes, se atrevendo a dizer que estava tudo sob controle. Bandidos organizando seus atos criminosos dentro e fora dos presídios (estes, ditos de segurança!)

Esse é o modelo de governar do PSDB e seus compinchas. Negligência e omissão ao povo e a seus próprios servidores (dezenas de policiais e até um bombeiro não escaparam dos assassinatos promovidos pela organização criminosa que age dentro e fora dos presídios). Então, recentemente, chega o candidato José Serra e afirma querer criar um “Ministério da Segurança Pública”, e Alckmin, que largou a cidade nas mãos de um vice impotente, novamente, quer galgar o posto de governador do Estado de São Paulo. Olhem bem em quem vão votar, e não esqueçam do vice.

O “mensalão”, aquele evento de corrupção que envolveu integrantes do governo Lula, é, constantemente, ressuscitado pela imprensa nesses tempos eleitorais. Agora, episódios como os ataques do PCC, a cratera do metrô que engoliu pessoas, rua e uma lotação e os péssimos índices de educação estadual são de forma bem conveniente sepultados pela grande mídia. Que coisa esquisita, não é? Defender quem amordaça jornalistas não parece ser lá muito “defensor da democracia e da liberdade de expressão”.

Para recordar o episódio, confira o especial da Folha sobre o PCC, de 2006, o Observatório da Segurança, o documentário da Discovery Channel “São Paulo sob Ataque” e a reação de Geraldo Alckmin a questionamento do Dateline.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vamos variar um pouquinho…

Minha ideia é ser o menos denso possível e, para isso, decidi escrever sobre temas variados com textos mais sucintos. Nessa noite chuvosa de quinta para sexta-feira, acho que estamos mais propensos a refletir (não, não estamos, pois nossa propensão é para ver filmes e dormir livremente, isso para os que estão de férias, já os árduos trabalhadores têm essa propensão, o que não têm é a possibilidade de consumá-la rsrs). Minha ideia é lançar nessa postagem:




  • Sugestões de filmes e livros;

  • Alguns pensamentos ocorridos sobre a Lei da Ficha Limpa;

  • Indicação de textos antigos do blog que são válidos para as eleições deste ano;

  • Algumas informações sobre o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas


E o vento levou (1939)

* Anteontem, assisti “E o Vento Levou” (1939 – veja aqui a sinopse e aqui o trailer). Filme muito interessante, que conta a saga de Scarlett O’Hara, a qual para salvar sua fazenda sai em busca de sucesso financeiro e, consequentemente, da felicidade. Durante o filme, revela-se que, mais do que proteger suas terras, Scarlett se lança em uma busca desenfreada por dinheiro, objeto inicial de deslumbre e alegrias, mas futuras decepções. Pouco mais de 2 horas de filme. Se gostar de histórias relativamente “paradas” (sem aquela agitação dos filmes policiais, por exemplo) é um prato cheio.









[caption id="attachment_519" align="alignright" width="216" caption="Drácula, edição de 2002"][/caption]

* Agora sobre livros, quem gosta de histórias de ficção científica vai se deliciar com “Frankenstein”, de Mary Shelley. Livro curto (L&PM Pocket, 251 p.), contém a história do jovem Victor Frankenstein. Dedicado às práticas das mais variadas ciências, obceca-se em vencer a morte, dando vida à matéria morta. Porém, seu sucesso traz um preço caro de mais a ser pago. Ele se vê enredado pelas artimanhas e exigências do monstro, o que o levará às mais profundas desgraças e angústias. O livro é um brinde à busca desenfreada, da ciência e dos industriais, pelo conhecimento à época que o livro foi escrito. A história é perfeitamente adaptável ao que vemos ainda hoje. Criadores sem responsabilidade, cujas criaturas (plataformas de petróleo, por exemplo) são negligenciadas e rebelam-se. Leitura imprescindível, assim como “Drácula”, de Bram Stocker. Esse sim é vampiro de verdade e honra as suas origens (afinal, ele não é como certos personagens sugadores de “sangue” de alfaces ou vegetarianos e sentem amor por menininhas de colégio hehe...).Em sua busca constante por sangue, o Conde aprisiona em seu castelo, o procurador, John Harker, noivo de Mina, fazendo da vidas dos personagens um verdadeiro inferno! Drácula se muda para a Inglaterra com o auxílio do pobre Harker, que no início nada sabia de malévolo sobre o anfitrião. Mais a frente, novos personagens surgem para tentar dar cabo do ser das trevas. O livro é muito bom, e a adaptação para o cinema (Dracula, 1931) é excelente também. E está disponível aqui.


* Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os Ministérios Públicos Eleitorais de 23 estados mais o DF, até dia 13/07, protocolaram 2.308 ações de impugnação de candidaturas, isso significa que a cada 8 candidatos registrados 1 tem problemas com a Justiça. Pelo menos 220 foram devido ao descumprimento da Lei da Ficha Limpa. Lei essa, sem dúvidas, uma das maiores, se não a maior, mobilizações da população para combater a corrupção. Claro que aqueles que faltam à Lei devem ser punidos, mas seria necessária uma lei barrando suas candidaturas? A punição não seria mais efetiva se fosse feita de fato pelo povo: não votar nos “fichas-sujas”. Ao invés de primeiro torná-los inelegíveis, o mais interessante não seria que os eleitores riscassem, ou melhor, “deletassem” o nome dos bandidos da urna? Porque, suponhamos que a artimanha dos(a) sujeitos(a) em conseguir liminares e outros artifícios da Justiça o leve a conseguir lançar sua candidatura, o povo votará nele porque ele não foi enquadrado, mesmo com todos os indícios contra ele? Vale a pena pensar nisso com cuidado...


* Sugiro que os eleitores de Geraldo Alckmin deem uma olhada nesse vídeo e repensem seu voto.







* Para os blogueiros e interessados nas mídias “alternativas” de plantão. Ocorrerá em agosto (21 e 22, sábado e domingo) o 1º Encontro dos Blogueiros Progressistas. Clique aqui para conferir mais informações.

sábado, 10 de julho de 2010

Serra e os pedágios

Saiu uma pequena reportagem na Folha de S. Paulo de hoje sobre o assunto que mal menciona Serra. Mas os fatos estão aí. Será esse o Brasil que queremos, futuros jornalistas? Pensem bem...


Texto retirado de Luis Nassif Online.



Pedágio derruba mais um jornalista da TV Cultura


Enviado por luisnassif, qui, 08/07/2010 - 22:25


Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura.


Ontem, planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aloízio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial. Acabaram não se pronunciando.


Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.


Hoje, Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana.


Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra.


Para quem ainda têm dúvidas: a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder de mídia, que já tem, o poder de Estado.



quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ter carteira de motorista é o mesmo que saber dirigir?

[caption id="attachment_283" align="alignleft" width="300" caption="Trânsito em São Paulo: qual a solução? "][/caption]

Não é preciso dizer que o trânsito em São Paulo é péssimo. Inclusive, semana passada foi publicada uma pesquisa que coloca a cidade paulista com o sexto pior índice de tráfego entre 20 cidades mundiais (veja aqui a pesquisa). E, devido à qualidade deplorável em que se encontram os ônibus e trens e à pouca quilometragem de metrô, carteiras de habilitação (categorias A e B, motocicletas e carros, respectivamente) continuam a ser expedidas por aqui, pois entre depender de automóveis encalacrados nas vias e transporte público ineficiente, opta-se pelo primeiro.


Mas ou mais? Eis a questão!Para concretizar o “sonho da habilitação”, o aspirante a condutor dirige-se a uma autoescola e dá início aos processos burocráticos para conseguir a permissão para dirigir. A lista de procedimentos começa com a entrega da documentação exigida ainda na autoescola, depois disso segue-se um pré-cadastro no próprio DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito), onde são digitalizadas sua foto, impressões digitais de todos os dedos das mãos e assinatura. Após ir ao Departamento, – e ficar lá por quase duas horas – tem-se a participação em um curso com duração de 45 horas/aula que inclui desde aspectos mecânicos do carro até direção defensiva e prevenção de acidentes. Terminadas as aulas teóricas, há uma prova com 30 questões alternativas. Se aprovado, o candidato agenda 20 aulas de direção e presta exame de ordem prática.


Dessa enorme quantidade de percalços, concentro-me na formação teórica dos condutores. Como concluí esse procedimento ontem, resolvi me aprofundar em questões que acho pertinentes e que não têm sido abordadas pela imprensa, especialmente a qualidade dos materiais (vídeos e apostilas) usados no decorrer do curso.




Trânsito na atualidade, segundo um dos vídeos passados no CFC. Detalhe: VHS passado pra DVD.


A parte audiovisual é predominantemente antiquada – fitas VHS passadas para DVD. O material escrito, apesar de estar atualizado e em conformidade com a legislação de trânsito, traz gravíssimos erros de português. Ao entrar em contato com os órgãos competentes para pedir esclarecimentos, me vi em um jogo de “batata quente”, pois o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito, localizado em Brasília), por e-mail disse que: “O Contran [Conselho Nacional de Trânsito], por meio da Resolução 168, definiu a grade horária do curso de formação de condutores. Porém, a elaboração do material com base nesse conteúdo fica a cargo do DETRAN”. Ao buscar o Departamento de Trânsito de São Paulo muitas dificuldades: (a) os três telefones oficiais só dão sinal de ocupado (2189 9800 - 2189 9801 - 2189 9802), (b) não tem números para contato no site do DETRAN e (c) o primeiro e-mail que mandei para a assessoria de imprensa não foi respondido. Finalmente, achei o “disque-DETRAN” (3627-7000), conseguindo, enfim, o telefone da assessoria. Ao ligar, imediatamente, a funcionária respondeu à mensagem na qual eu questionava de quem seria a responsabilidade pela elaboração e fiscalização de materiais relativos aos CFC’s (Centro de Formação de Condutores), eis a resposta: “Todo o material contido nas (sic) CFC's é de responsabilidade deles. Orientamos que entre em contato com o Sindicato das Autoescolas para sanar às (sic) questões.” Uma entidade joga para a outra as atribuições de responder pela formação dos futuros motoristas. Por fim, entrei em contato com o Sindicato das Autoescolas, o qual informou que é um órgão ligado a questões patronais e que os materiais são de responsabilidade do DETRAN. Horas de ligações para confirmar a negligência dos organismos públicos quando se trata de colocar gente para dirigir ou pilotar.




Re-duzir, re-utilizar e re-ciclar


Especificamente no caso das apostilas empregadas no curso, por telefone, a gráfica responsável pela montagem, publicação e venda do material disse que “a pessoa que faz a verificação ortográfica não executou o trabalho como deveria ter sido feito” e garantiu “a apuração e correção do problema no prazo de dois meses”.


O que fazer? Talvez, DENATRAN, DETRAN e Autoescolas e CFC's em geral devessem se unir para uniformizar o material, pois ainda, segundo o funcionário da gráfica, não existe padronização. Cada instituição escolhe aquilo que julgar mais adequado, porém, vemos uma total falta de fiscalização quanto à correção do conteúdo escrito e à atualidade dos vídeos exibidos. Contudo, com relação aos últimos devo fazer uma ressalva. Há conteúdo audiovisual novo, compatível com a realidade atual, mas misturado a muitos retrógrados e incompatíveis com as necessidades do trânsito brasileiro. Enquanto o instrutor ministra suas aulas focado em formar um bom motorista, o material parece servir apenas de muleta, como se não importasse grandemente, fizesse parte apenas do protocolo.


E ainda se perguntam onde é que está o problema do trânsito brasileiro e por que o motorista é tão agressivo e as vias tão violentas. Por que será?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Festim mais que diabólico [Texto excepcional]

[caption id="attachment_266" align="alignleft" width="216" caption="É possível cometer o crime perfeito?"][/caption]

Alfred Hitchcock, cineasta inglês falecido em 1980, ficou imortalizado pelo clássico Psicose (Psycho, 1960). Porém, a gama de filmes dirigidas por ele é enorme - entre filmes coloridos e preto e branco são 53 obras. Destaco o suspense Festim Diabólico (Rope, 1948). Nessa história, dois amigos matam um colega de faculdade só para provarem que podem cometer o crime perfeito. Baseados na ideia de eliminar "vidas inferiores", estrangulam o jovem e ocultam seu corpo em um baú. Avançando todos os limites da sanidade, a arca onde está o cadáver é usada como mesa para um jantar oferecido pelos rapazes à saúde do falecido, inclusive estarão presentes na ocasião familiares, amigos e a noiva do assassinado. Resultado, ao final da festa, um dos convidados, que já estava desconfiado com o sumiço do rapaz (pois este deveria ter ido ao jantar), decifra o crime por um detalhe: o chapéu do morto.


Que loucura, não? Pois é, mas a busca por cometer o crime perfeito não é exclusividade das obras cinematográficas. Ultimamente, temos visto com frequência pessoas pensando em escapar impunes de barbaridades cometidas por elas, sejam estudantes de faculdade, pai e madrasta ou jogadores de futebol.




[caption id="" align="alignleft" width="300" caption="Bruno do Flamengo. Ficará afamado internacionalmente, só que de forma negativa"][/caption]

O mais recente de nossos festins é diabólico e futebolístico. Inúmeros indícios apontam para a culpa de Bruno, goleiro do Flamengo, e de seu amigo, conhecido pela alcunha de "Macarrão" no caso do desaparecimento da ex-namorada (ou amante) do atleta. Um jogador que poderia ir (segundo o jornal italiano Corriere Della Sera) para o Milan.  Uma oportunidade de fazer fortuna em campos internacionais e ficar mundialmente conhecido. Entretanto, o fato descortinado à frente do público é que Bruno será internacionalmente conhecido, só que ao invés de seus méritos futebolísticos prevalecerá seu feito hediondo: envolver-se com gente deplorável e cometer uma barbaridade.


Ao contrário dos jovens de Hitchcock, sutileza não fez parte da ação. Sangue em seu próprio carro e parentes envolvidos. Esses são vestígios que fundamentam as acusações contra o goleiro e sua turma. Claro que, ainda mais no Jornalismo, se deve ter o máximo de cuidado ao tratar da possibilidade de um crime para não cometer equívocos e realizar julgamentos (afinal, quem julga é a Justiça, e não os meios de comunicação). Dada a dimensão do acontecimento, a mídia está fazendo uma cobertura razoável - só não  fazem parte dessa mídia os veículos amantes do jornalismo "sensacionalista" (no sentido de que exploram de forma desmedida as desgraças de natureza humana).


E a cada dia que passa, "festins" como esse ficam mais comuns. Com exceção de alguns políticos de nossa grande política nacional, é impossível cometer um crime perfeito - não deixar vestígios - pois a tecnologia evoluiu, os espectadores e a cobertura midiática evoluiram e a Justiça evoluiu. Portanto, pense bem na hora de agir em qualquer circunstância porque se você esconder o chapéu no armário, pode ter caído um fio de cabelo que você não viu, mas que certamente um perito achou e saiba: vai passar no Jornal Nacional.


 

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Silenciaram-se as vuvuzelas

Este foi o som que se ouviu quando terminou a partida entre Holanda e Brasil, pela Copa do Mundo da África do Sul: silêncio. Calaram-se as vuvuzelas. Nenhum grito, nenhum assopro nas barulhentas cornetas. Mas, foi melhor assim. Não torci, verdadeiramente, para essa seleção que entrou em campo nos últimos tempos, primeiro porque não sou lá muito chegado em futebol, acho que o Brasil poderia ser uma potência em diversos outros tipos de esportes e não ficarmos só nessa polarização imbecil, e segundo, o time que estava na África do Sul mereceu perder, inclusive deveria ter saído antes. Gente tão arrogante quanto Dunga, Felipe Melo e Robinho não merece o respeito de qualquer brasileiro que se preze (e ainda têm a coragem de chamar os argentinos de arrogantes). Aí vem a pergunta, brasileiros até que ponto? Quantos dos que estavam lá para defender "a pátria" jogam em clubes brasileiros? Porém, o pior de tudo é ver Galvão Bueno com todo o seu patriotismo idiota e exagerado exaltando a seleção de um país no qual ele não mora! Ele reside em Mônaco (veja aqui). Ele pagou a língua após o jogo, pois quando a equipe brasileira fez o primeiro gol, o narrador, "rindo à toa", debochou: "ah! agora já era pra Holanda" . Daí, ainda me perguntam por que eu "sou do contra" e não torço para o Brasil. Só que há uma diferença bem grande entre torcer pela seleção brasileira de futebol e torcer pelo país. Torcer pela seleção é a cada quatro anos pintar as ruas com aquele verde vagabundo (que mais parece azul-piscina), encher as ruas de bandeirinhas verde-amarelas, hastear bandeiras nas casas e fixá-las nas janelas dos carros, já torcer pelo Brasil é fazer alguma coisa que seja útil para mudar o país na sua essência, na estrutura, quem sabe diminuir os problemas sociais, por exemplo. Estamos em ano eleitoral e não há preocupação da maior parte das pessoas com o assunto. É um bom momento para o brasileiro se perguntar se ser brasileiro é só ficar assoprando vuvuzelas e gritando por um time de arrogantes e medíocres (que primaram pela "eficiência" em detrimento de jogadas bonitas, etc.)


Agora, é só esperar mais uns dois dias e aí tirar toda a fantasia de brasileiro. Inclusive, guardar as bandeirinhas do carro pra próxima Copa que será aqui mesmo. Aí que a coisa vai ficar braba de verdade.