Antes de partir para a análise propriamente dita, devo fazer algumas observações:
[caption id="attachment_581" align="alignleft" width="300" caption="Celso Russomano, do PP, na sabatina. Foto: Folha/UOL"]

- As sabatinas foram feitas com os 3 candidatos mais bem colocados nas últimas pesquisas de intenção de voto - Celso Russomano (PP), Aloizio Mercadante (PT) e Geraldo Alckmim (PSDB). Não assisti ao evento com o candidato do PP, mas se você quiser saber mais a respeito e assistir na íntegra, clique aqui. O folclórico Paulo Maluf, que teve a candidatura impugnada essa semana, estava lá, sentado na primeira fila apoiando seu candidato.
- A frase título do texto que trata só sobre a sabatina de Geraldo Alckmin foi proferida por ele duas vezes quando se referiu a conquistas durante o seu mandato (se é plus, já é mais, oras!)
Bem, alguns aspectos observados são interessantes. Na sabatina do tucano, o teatro estava mais cheio do que de Mercadante, tanto de plateia, quanto dos apoiadores do partido e da candidatura. As pessoas de mais idade eram a maior parte do público hoje, o que não ocorreu na sabatina do petista.
Com relação aos jornalistas, a mais incisiva e provocadora, certamente, foi Monica Bergamo. Os demais também fizeram ótimas perguntas. E o mais importante: não teve proteção ou exploração excessiva desse ou daquele tema para beneficar ou destruir determinado candidato. Os questionamentos foram precisos e certeiros e até, em alguns momentos, com pitadas de humor. Porém, no evento de Mercadante, os aspectos abordados extrapolaram em demasia o estado, passando para questões nacionais, em detrimento do foco estadual.
Mercadante bateu mais em Alckmin, talvez tenha exagerado no tom. O tucano fez menos referências negativas ao governo Lula. Já o candidato do PT não poupou críticas, usando palavras como "oligarquia" para se referir à gestão tucana do Estado, mas como disse Fernando Rodrigues foram resultados frutos de um processo democrático.
Sobre eventos externos, o candidato do PT afirmou que Alckmin está escondido. Ao final da sabatina, o tucano foi tomar café na Casa do Pão de Queijo. Belo evento público. Caminhar sob ar-condicionado é moleza. Agora, faltou isso a Mercadante. Termianado o evento , ele cumprimentou pessoas e foi embora sem café. Talvez um maior contato com os passantes teria sido proveitoso para sua campanha. Aproveitando o quesito "receptividade popular" e carisma, Aloizio foi mais simpático e demonstrou mais força de personalidade do que Geraldo, que com seu sorriso amarelo, meio "picolé de chuchu" foi passando.
[caption id="attachment_580" align="alignleft" width="300" caption="Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT) ao deixarem a sabatina; Celso Russomano também participou do evento "]

É mal de candidatos do PSDB se atrasarem! Mercadante chegou com quinze minutos de antecedência, Alckmin com quinze de atraso. Na sabatina de José Serra, este chegou atrasado em 1 hora. Alguém que pretende alcançar o Planalto ou o Palácio dos Bandeirantes e governar um país ou o Estado economicamente mais rico da Nação deveria ter, no mínimo, respeito com as pessoas que estão lá só para assistí-los e ouvir suas propostas.
Importante ressaltar a diferença dos candidatos no trato da educação e esclarecer um ponto da fala de Alckmin. O ex-governador, questionado sobre a progressão continuada, defendeu o modelo atual e disse que foi criada pelo PT, com Paulo Freire na secretaria de Educação de Luiza Erundina. Necessita-se discernir sobre progressão continuada e aprovação automática. O último é o que ocorre em São Paulo, fato que gera prejuízos incalculáveis à educação das crianças frequentadoras das escolas públicas. O educador Paulo Freire propôs um modelo, cuja implementação não gerasse perdas aos educandos (leia aqui, para mais informações sobre o tema). Alckmin quis jogar a responsabilidade da incompetência tucana ao gerir a educação sobre Paulo Freire, ao ignorar esses conceitos. O candidato do PT é categórico e diz que se eleito acabará com a aprovação automática.
Por último gostaria de ressaltar um ponto de me chamou a atenção, aliás, dois. O primeiro refere-se à segurança pública. Achei o tema pouco explorado por ambos os candidatos, que apostam na modernização das polícias Civil e Militar. Mas, na questão do PCC, por exemplo, Alckmin não garantiu que não voltarão a ocorrer ataques da facção contra o estado e escorregou demais para fugir e não responder de forma satisfatória sobre esse tema (assim como sobre os pedágios). O outro ponto é a publicidade governamental. Alckmin diz que não vai gastar muito com anúncios de feitos de seu eventual governo, pois segundo ele, você mostra o que faz fazendo um bom governo. Pois sua resposta é exatamente o contrário de seu colega de partido José Serra (clique aqui, para ler sobre os gastos de Serra com publicidade). Ou seja, o próprio "amigo do Serra a 30 anos" não considera o governo dele bom. Pelo menos, quando questionado sobre temas espinhosos, Geraldo Alckmin não age com truculência. Mercadante apresentou propostas mais consistentes.