sexta-feira, 17 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Praticar também ensina, e muito

O conhecimento que estou adquirindo durante a universidade é gigantesco. E, apesar da boa teoria ensinada, a prática conta muito. E é por meio de trabalhos práticos que essa preciosa instrução vem, pois conseguimos aliar ambas as formas de conhecimento citadas acima.


Esse post é curtinho e reflexo de um final de semana dedicado exclusivamente à diversão. Como disse a um amigo agora há pouco: sábado e domingo foram intelectualmente imprestáveis. Mas, brincadeiras à parte, gostaria de dividir com vocês uma experiência muito interessante que ocorreu na sexta-feira à tarde.


Eu e minha dupla estamos escrevendo uma reportagem para uma de nossas disciplinas, a qual selecionará textos que farão parte de um jornal laboratório. Nossa pauta prevê a entrevista com comerciantes ambulantes do entorno do Mackenzie.


Como já tínhamos fotografado alguns deles para outra disciplina, soubemos quais deles seriam mais receptivos a responder perguntas. O grande receio deles era que fôssemos da prefeitura, e eles se mostravam extremamente retraídos com a câmera, esperando que saíssemos correndo dali e chamássemos o "rapa".


Adotamos "procedimento-padrão": com um bloco em mãos saímos para perguntar e registrar as respostas. O primeiro ambulante não quis responder, o segundo respondeu secamente. Então chegamos à seguinte conclusão: o papel e tomar notas intimida os entrevistados nesse caso específico. Fomos fazer a prova: conversamos com a funcionária de um carro de cachorros-quentes. Primeiro com o papel na mão, ela não quis responder nada (disse que só com o dono); lamentamos com ela, guardei o bloco e começamos a perguntar aquilo que era necessário saber e registramos mentalmente tudo o que ela disse na "conversa informal".


Ou seja, fica a dica: muitas vezes, um bate-papo informal vale muito mais do que rígidas entrevistas com papel e caneta intimidando o entrevistado e, afinal de contas, são pessoas, você se surpreende com as respostas que elas dão. E o mais importante é não pensar nas pessoas como meros números para colocar em uma reportagem: avaliar toda a carga sentimental trazida à tona do entrevistado dá um ar mais emocional à matéria, consequentemente mais humano.

sábado, 4 de setembro de 2010

Quando Abutres ganham Poderes

Saliento dois filmes que dizem muito sobre a imprensa, especialmente a brasileira dos últimos tempos: "O Quarto Poder" (Mad City, 1997) e "A Montanha dos Sete Abutres" (Ace in the Hole, 1951). Ambos tratam dos mesmos temas: o excesso de sensacionalismo  - digo excesso, pois todo formato de jornalismo é sensacionalista, ou seja, visa atingir o público por meio de sensações, porém o condenável é o abuso desmedido dessa prática - na cobertura de assuntos críticos, dilemas éticos e até que ponto o jornalista tem o poder de intervir (e controlar) situações em nome da cobertura jornalística.


N'O Quarto Poder, de Costa Gravas, o repórter Max Brackett (Dustin Hoffman, Todos os Homens do Presidente), após se desentender com um colega no ar, é mandado para o noticiário local. Passado algum tempo, Max é mandado a um museu para cobrir a possibilidade de fechamento por problemas financeiros.





[caption id="attachment_654" align="alignleft" width="300" caption="Max Brackett fala com a emissora e inicia a cobertura interna e em tempo real do sequestro"][/caption]

Ele só não contava que um dos seguranças demitidos, Sam Baily (John Travolta, Grease) por conta da redução de gastos entrará no prédio armado e fará a diretora do museu, um grupo de crianças e sua professora reféns. O repórter, que estava dentro do banheiro, começa a transmitir, ao vivo, o sequestro, auxiliado por sua assistente, a qual está fora do local. Após alguns acontecimentos, Max Brackett se vê auxiliando Sam a como lidar com a situação.


Ele quer mais que isso: fazer com que a opinião pública fique a favor do ex-segurança.




[caption id="attachment_655" align="alignright" width="300" caption="Brackett entrevista Sam Baily, de dentro do museu onde o sequestro está em andamento"][/caption]

O circo é armado fora do museu, câmeras e muitos repórteres tentam cobrir o "evento", mas somente Max tem passe livre dentro e fora do museu. Ele entrevista, durante o sequestro, Baily. Para conseguir sua posição privilegiada, é um toma-lá-dá-cá com o chefe comandante das operações. A busca incessante pelo furo, pelo exclusivo, termina drasticamente: o jornalista virou notícia.



Em A Montanha dos Sete Abutres, de Billy Wilder, a situação não é muito diferente. Um repórter mal-caráter, Chuck Tatum (Kirk Douglas), após ser demitido de vários jornais, vai bater à porta de um pequeno jornal local de Albuquerque. Após um ano de trabalho, seu chefe, Sr. Jacob Boot (Porter Hall), designa-o para cobrir uma festa de caça às serpentes.




[caption id="attachment_657" align="alignright" width="300" caption="Desde o início, Chuck Tatum se incomoda com a frase do quadro: "Fale a Verdade"."][/caption]

Porém, no caminho do evento, Chuck e seu assistente se deparam com uma situação que promete render uma boa história: um homem caçador de antiguidades, Leo Minosa (Richard Benedict) fica soterrado no desabamento de parte da ruína indígena na qual ele trabalha.



O repórter sem escrúpulos publica a história, o que começa a atrair curiosos para a local. Mas ele não para por aí. Faz um acordo com o Xerife (Ray Teal) e consegue acesso exclusivo ao lugar no qual Leo está preso.




[caption id="attachment_658" align="alignleft" width="300" caption="A multidão que canta e consome diferentes artigos em volta das ruínas onde Leo Minosa está soterrado"][/caption]

Ele também convence o coordenador da equipe de resgates a executar o procedimento mais longo para retirada do homem dos escombros (ao invés do mais simples de 16 horas, optam pelo mais demorado, de 7 dias). Enquanto isso, a mulher de Minosa, Lorraine (Jan Sterling), ganha dinheiro com a multidão que chega para acompanhar o drama de perto. A visita da reserva era gratuita, mas ao final do filme, ela custa um dólar por carro. Mais uma vez, o filme tem desfecho trágico e o jornalista cai em desgraça.


Nem preciso relacionar aqui os casos de cobertura excessivamente sensacionalista da mídia brasileira nos últimos tempos. Assistir a esses filmes é praticar um exercício de análise e reflexão profunda sobre a imprensa que temos e se ela é nosso desejo, enquanto cidadãos e jornalistas.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Encontro com Ricardo Boechat

Palestra não é o nome correto para o evento. Encontro. Esse termo cabe perfeitamente.





[caption id="attachment_647" align="alignleft" width="254" caption="Ricardo Boechat: passou por jornais impressos, revistas e está, atualmente na TV e no Rádio."][/caption]

O bate-bapo, ontem pela manhã, com o jornalista Ricardo Boechat, atualmente apresentador do Jornal da Band e integrante de programas da rádio BandNews, foi descontraído e proveitoso. Simpático e muito engraçado, o "rapaz" de 41 anos de profissão,  e que chegou carregando uma pilha de cinco jornais, contou detalhes de sua formação profissional e peculiaridades do "ser jornalista".

De camiseta e jeans, Boechat contagiou os estudantes, em maior quantidade de Jornalismo, com sua animação e informalidade. Discutiu aspectos jornalísticos atuais, criticando inclusive os telejornais. Disse que é o tipo mais "ralo" de fazer notícias e o mais "roteirizado". Criticou a padronização das atitudes gestuais dos repórters além das obviedades presentes nesse modo noticioso. E revelou que sua grande paixão é o rádio. Segundo ele, por conta da proximidade com o espectador.


Apesar de gostar da interatividade proporcionada pelo meio radiofônico, Ricardo Boechat não esconde seu desgosto pelas novas tecnologias de informação. Contou dois episódios engraçados envolvendo Twitter e o rádio Nextel. No primeiro, disseram a ele que mandasse algo para o Twitter de alguém. Ele perguntou qual seria. Responderam "@" e o nome. Ele se indignou: deveria ter outro complemento de endereço. No caso do rádio, ele pensou que a senhora se enganara ao colocar um asterisco em meio aos números. Não sabia da necessidade de haver um sinal desses no "número de telefone".


O momento máximo foi quando Boechat mostrou seu "computador": um caderno antigo, caindo aos pedaços (mesmo!) com telefones de todas as pessoas que você possa imaginar (desde Dercy Gonçalves até Oscar Niemayer). Quarenta e um anos de trabalho para construir, além de credibilidade, uma lista telefônica - e de emails - daquele tamanho.


Ricardo Boechat não tem diploma, mas considera importante uma formação acadêmica. Porém, diz não saber o que se ensina nas escolas de jornalismo, pois, segundo ele, aprendeu tudo na prática. Comentou o fechamento da versão impressa do Jornal do Brasil e suas experiências na Copa da África do Sul.


Em breve, selecionarei alguns trechos "radiofônicos" do evento e postarei por aqui. Aguardem!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Política se discute sim, e muito!



[caption id="attachment_644" align="alignleft" width="300" caption="Política: quem disse que não se discute?"][/caption]


Reza o senso comum que "religião, política e futebol não se discute". Discordo totalmente, aliás discordamos . É só uma maneira de manter tudo como está. Agora, algo muito questionável é a maneira de se fazer os debates. Longe das baixarias, da troca de farpas e ofensas entre os candidatos, especialmente à presidência da República, gostaria de parabenizar alguns colegas de sala, em torno dos quais, nossas conversas têm caído, de forma recorrente, no tema eleições. É louvável e de motivo de orgulho que, apesar de apresentarmos posições politicas completamente diferentes, sabemos discutir sem brigas ou tentativas de ser "o dono da verdade". São discussões pautadas pelo respeito e pelo reconhecimento de que não há candidato perfeito. Sabemos apontar falhas partidárias, e de membros dos famigerados partidos, de ambos os lados da questão. E o ponto-chave do nosso entusiasmo político é justamente pela política, e não pela politicagem barata ou militâncias extremistas.


Cada um sabe defender seu ponto de vista de forma civilizada e um tema o qual, geralmente, os jovens não gostam se torna motivo de conversas, teorias e sugestões para mudar o país por meio do voto. E daqui algum tempo, lembraremos das fervorosas discussões acerca de Paulo Maluf e suas "grandes obras", Tiririca, Raul Gil Jr., as mulheres-fruta, família Sarney, o uso da mídia tradicional pelo Serra, o mensalão do PT e do DEM, as gracinhas de Plínio de Arruda...