O Livreiro de Cabul
Por ter vivido três meses com uma família afegã, na primavera de 2002, logo aós a queda do regime talibã, a jornalista norgueguesa Asne Seierstade pôde produzir esta narrativa ímpar que mostra aspectos do país que poucos estrangeiros testemunhariam. Como ocidental, mulher e hóspede de Sultan Khan, um livreiro de Cabul, obteve o privilégio de transitar entre o universo feminino e masculino de uma sociedade islâmica fundamentalista. Preso e torturado durante o regime comunista, dos mujahedin e dos talibãs, Sultan Khan teve sua livraira invadida e parte dos livros queimados, mas alimentava o sonho de ver seu acervo de 10 mil volumes sobre história e literatura afegã transformar-se no núcleo de uma nova Biblioteca Nacional. Apesar da situação estável, a família do livreiro, duas mulheres, cinco filhos e parentes, dividia uma casa de quatro cômodos em uma cidade que se recuperava da guerra e de trágicos refluxos políticos. Os integrantes da família acostumaram-se à presença da autora sob uma burca. Assim, ela pôde observar relatos das rixas do clã; da exploração sexual das jovens viúvas que esperam doações de alimentos das organizações de ajuda internacional; da adúltera sufocada com um travesseiro pelos três irmãos sobe as ordens da mãe; do exílio no Paquistão da primeira esposa de Sultan Khan, após um segundo casamento com uma moça de 16 anos; do filho adolescente do livreiro obrigado a trabalhar 12 horas por dia sem chance de estudar.

De costas para o mundo - Retratos da Sérvia
Asne transita entre diferentes localidades e acompanha o ponto de vista das pessoas, antes e depois da queda do Regime vigente na Sérvia - Slobodan Milosevic -, vê o que muda e como as pessoas reagem à essa mudança. Tem a opinião de jovens, velhos, mulheres, homens, políticos, jornalistas e cidadãos "comuns". Um relato impressionante da visão que há dos ocidentais. Aborda também a questão do Tribunal Internacional da ONU. Nele, a jornalista constrói uma narrativa emocionante sobre as pessoas marcadas pelo mais sangrento conflito ocorrido no coração da Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial: a guerra da Bósnia, que devastou a Iugoslávia na década de 1990 e culminou em sua dissolução.Asne nos descortina um país marcado pela diversidade religiosa e cultural, habitado por católicos ortodoxos e muçulmanos. Conta como vizinhos antes pacíficos encheram-se de ódio uns pelos outros, perpetrando uma sucessão de guerras. Como repórter, Asne cobriu a guerra e os ataques aéreos da Otan contra o país. Alguns anos mais tarde, em 2000, movida pela curiosidade acerca de um povo que começou guerra após guerra, sem vencer jamais, ela retornaria a Iugoslávia. Por meio da vida de 13 sérvios - e com seu talento para capturar o cotidiano - ela consegue transmitir a essência desse povo. São fazendeiros, jornalistas, negociantes do câmbio negro, religiosos e até mesmo artistas, todos parte do mosaico de uma realidade em formação, da desintegração de um país e de uma nova ordem mundial. Com um timing perfeito, Asne desembarcou a tempo de testemunhar as manifestações contra Slobodan Milosevic. Naquele outubro, ela assistiu milhares tomarem Belgrado, o Parlamento e a emissora de TV estatal.Por meio de uma narrativa envolvente, quase literária, Asne democraticamente dá voz a todos. Do partidário de Milosevic que anseia por uma nova ditadura até os que acreditam que jamais aconteceu uma limpeza étnica em relação aos albaneses. De Costas Para o Mundo oferece um retrato único do cotidiano sérvio. Um estudo revelador da guerra e suas conseqüências.
Ambos valem à pena!

http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/2431991
http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/362707
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