domingo, 27 de junho de 2010

Jornais ou partidos políticos?

Revista Família Cristã - Ed. 06/2010



Por Laurindo Leal Filho

Jornais ou partidos políticos?


"Cidadãos têm votos. Jornais não. Contudo, se o Guardian votasse nas eleições gerais de 2010 o faria entusiasticamente nos Liberal-Democratas." Com essa frase o tradicional jornal britânico The Guardian abriu seu editorial no sábado, em 1ºde maio, cinco dias antes das eleições para a Câmara dos Comuns britânica, correspondente à nossa Câmara dos Deputados.


Trata-se de uma prática habitual na Europa, essa de os jornais revelarem claramente sua posição antes das eleições. Aqui isso ainda é raro. Só recentemente duas publicações inovaram: o jornal O Estado de S. Paulo, apoiando candidatos do PSDB, e a revista Carta Capital, os do PT. As demais seguem mudas, insistindo numa neutralidade que se revela falsa a cada dia, tornando-se verdadeiros partidos clandestinos.


Antes do golpe de 1964, quando o número de jornais existentes era muito maior, praticamente todos se alinhavam com correntes político-eleitorais específicas. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Correio da Manhã acompanhava o PSD; o Diário de Notícias, a UDN; e O Globo filiava-se às posições ainda mais à direita. Por sua vez o Jornal do Brasil caminhava pela centro-direita, restando ao jornal Última Hora a defesa das causas populares, acompanhando o PTB. Havia um leque com vários, aberto à escolha do leitor. E ninguém comprava gato por lebre.


Papel da oposição - Hoje é diferente. O leque fechou e as escolhas, quando existem, são feitas entre veículos que praticamente não se diferenciam. No Rio de Janeiro, reina O Globo, com a mesma linha presente desde suas origens. Em São Paulo, quantas vezes Estado e Folha de S. Paulo aparecem com manchetes quase iguais, fotos idênticas na primeira página e um alinhamento político semelhante? Ambos assumem o papel da oposição ao atual governo, com o mérito de o Estadão pelo menos deixar isso explícito.


Essa partidarização foi revelada pela própria Maria Judith Brito, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), entidade que reúne as grandes empresas jornalísticas brasileiras. Para ela, "os meios de comunicação estão fazendo, de fato, a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada". Ou seja, se antes de 1964 os jornais eram porta-vozes dos partidos, agora ocupam o lugar dos próprios partidos.


Dessa forma, o processo democrático se fragiliza. Além de os veículos de comunicação deixarem claras suas posições, é necessária uma oferta maior de opções para o público. É preciso mais jornais e revistas que deem voz aos que hoje não têm voz. Pena que não há como setores politicamente fortes, vinculados às camadas populares, mas economicamente frágeis, estabelecerem algum tipo de concorrência com as grandes empresas de comunicação.


A saída é a presença do Estado, ainda que de maneira apenas indutiva, estimulando a comunicação alternativa. A asfixia do debate público não é sentida apenas por aqui. Até na Alemanha, um pensador como Jürgen Habermas, partidário da ideia do espaço público como arena do debate democrático, diz, por exemplo, que "quando se trata do gás, da eletricidade ou da água, o Estado tem a obrigação de prover as necessidades energéticas da população. Por que não seria igualmente obrigado a prover essa outra espécie de 'energia', sem a qual o próprio Estado acabaria avariado?". Por que não?


Laurindo Lalo Leal Filho é sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de São Paulo). É ouvidor-geral da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), gestora da TV Brasil, e apresentador do programa VerTv, transmitido pela TV Brasil e pela TV Câmara.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Regularidade

A partir de primeiro de julho, todas as sextas-feiras , haverá um novo texto aqui. Não percam. A propósito, na migração o blog já tinha recebido quase 8000 visitas. Só ontem, recebemos 200. Aguardem!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Nova alocação do Textos para pensar

Caros leitores e leitoras,

Migrei o nosso blog para o Wordpress, assim, finalmente, passo a receber os comentários de vocês, que o Blogger não publicava. Aproveitem o novo espaço. Em breve, o blog trará novidades! Aguardem!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sabatina na Folha de S. Paulo


Ocorreu hoje, no Teatro Folha, a sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal UOL com o candidato à presidência do Brasil José Serra. O evento, que estava marcado para às 11h, começou por volta de 11h45, devido ao atraso do sabatinado. A plateia era composta por assinantes do jornal e do portal e estudantes do Mackenzie. Em uma área na primeira e segunda fileiras, estavam nomes significativos do cenário político atual, como o prefeito da capital paulista Gilberto Kassab (DEM), Geraldo Alckmin (PSDB), Orestes Quércia (PMDB) e Afif Domingos (DEM). A presença de políticos do Democratas gerou mais expectativa ainda sobre o vice de José Serra, que foi o tema inicial abordado no evento.





Temas polêmicos foram abordados, como o pré-sal, reforma tributária e a continuidade de programas do governo Lula, especificamente, do Bolsa Família. Porém, temas importantes deixaram de ser enfocados com mais profundidade, ou sequer foram citados, como saúde, e principalmente transportes. O conceito de participação da plateia no evento também é questionável, já que as perguntas foram feitas basicamente pelos jornalistas Fernando Rodrigues, colunista da Folha e do UOL, Renata Lo Prete, editora do Painel, Vera Magalhães, editora do caderno Poder, e Rodrigo Flores, gerente geral de Notícias do UOL. Os internautas e os presentes tiveram pouco destaque nos questionamentos. Mas, segundo Rodrigues, todas as perguntas serão entregues ao candidato e sua equipe. As respostas, que eram enviadas por escrito a um mediador, serão publicadas no UOL e no Folha.com. As perguntas dos usuários online foram enviadas em vídeos de até 20 segundos.


O foco econômico dado ao evento foi ruim. Além disso, José Serra cometeu duas gafes. A primeira, referindo-se à precariedade das estradas federais em Mato Grosso do Sul, foi dizer que "a soja que sai daquela região, de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso do Norte enfrenta dificuldades (...)". Instantes depois se corrigiu. Já a segunda, é tão ou mais grave, e diz respeito a subestimar a capacidade intelectual dos eleitores. Ao ser indagado por Renata Lo Prete se os eleitores entederam a comparação de Luís XIV a Lula, ele foi enfático: "não, é claro que não", com um sorriso de desdém.


Um papel ridículo fez a trupe dos apoiadores de Serra que estavam nas primeiras fileiras. Quando Serra disse que Lula chamava o Bolsa Família de Bolsa Esmola, seus colegas partidários aplaudiram efusivamente e gritaram vivas ao tucano. Mas, o evento teve situações engraçadas também. Um internauta perguntaria a Serra sobre a massiva entrada de produtos chineses no Brasil, e ao invés de no telão aparecer essa pergunta, entra no ar uma adolescente questionando o candidato sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo. Erro, este, que rendeu muitas risadas diante do embaraço gerado aos jornalistas e ao presidenciável.


Um evento muito interessante. Porém, uma das perguntas que eu fiz não teve o tema sequer citado: ela tratava do fato de São Paulo ter sido o Estado que mais gastou com publicidade. Perguntei se esses gastos seriam justificáveis.


Gostaria de ter ido ao evento promovido pela Folha que teve Marina Silva e, espero que Dilma apareça em outra data. Para ler sobre a sabatina clique aqui e para assistí-la na íntegra, aqui.



sexta-feira, 18 de junho de 2010

Obras somente para a Copa

Metrô de SP muda plano após veto a Morumbi para Copa 2014

A decisão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de excluir o estádio do Morumbi da Copa do Mundo de 2014 mudou os planos do governo do Estado para as obras do metrô paulistano.

Antes prioritária, a linha ouro, que vai ligar o aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi e passar por Paraisópolis --uma das regiões mais carentes da capital--, terá novo cronograma. Prevista para 2013, a um ano da Copa, ela deixa de ter data para ser concluída.

Fonte: Folha de S. Paulo

Leia mais aqui

A cada dia que passa fico mais decepcionado com o Brasil. Nunca pensei em, daqui há alguns anos, morar em outro país. Até agora. A cada dia que passa meu desânimo com o que acontece aqui fica maior. Paciência tem limites, Brasil.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

sábado, 12 de junho de 2010

Segurança Pública? Há! Há! Há! (Texto breve)

Uma das propostas de José Serra, se eleito, é a criação de um Ministério de Segurança Pública. O tucano quer melhorar a segurança pública do país. Quando ocorreram aqueles ataques do PCC em São Paulo, em maio de 2006, no dia das mães, quem estava no poder? Ah, era Cláudio Lembo. Vice de quem? Ah, Geraldo Alckmin (que deixou o cargo para disputar o cargo de presidente). Do partido de quem? Hum...José Serra! Se o PSBD-PFL (atual DEM) teve essa incompetência toda para lidar com o maior estado do Brasil, imaginem o que fará com o país se for eleito?

sábado, 5 de junho de 2010

E o tempo levou…

Últimas entregas de trabalhos. Correria para xerocar os últimos textos. E, como não poderia deixar de ser, uma tonelada de papel para ler, reler, sublinar, rabiscar, anotar e todos os demais verbos relacionados a informações escritas. Esse é o prenúncio da semana de provas. Minha primeira em solo Mackenzista. A pressão dessa não se compara a das semanas de prova do colegial. Não há mais fórmulas matemáticas, leis físicas e nem estruturas orgânicas para reproduzir. Os conceitos, agora, são apenas da área de humanas, que por sinal são a minha praia. Mas, por incrível que pareça, bate uma saudade daquela montanha de números, gráficos, fórmulas, elementos químicos...Parece que foi ontem que eu memorizava as estruturas orgânicas, ria das piadas feitas para memorizar as fórmulas...Momento nostalgia, talvez? Ultimamente tem me faltado tempo e inspiração para postar no blog, falhas essas serão corrigidas em julho, período de trégua. Meio semestre já se passou. Foi o que eu disse pro pessoal semana passada: quando a gente ver já vai estar se formando, trabalhando, e o tempo passou. Esse assunto vale um post mais aprofundado, mas agora não posso, vou voltar às Teorias da Imagem...