domingo, 28 de fevereiro de 2010

Terremotos e terremotos


A mais recente notícia é sobre o tremor de 8,8 graus na escala Richter que atingiu majoritariamente o Chile e com menor intensidade os países vizinhos. Sem dúvida, uma catástrofe que gerou perdas econômicas e, principalmente, de vidas. A outra grande manchete de 2010 foi o terremoto que destruiu (ainda mais) o Haiti, gerando mais de 200 mil mortos. Meu temor é que o Haiti seja esquecido e as atenções de voltem exclusivamente para o Chile. Ambos os tremores destruiram e vitimaram pessoas, mas o que não podemos esquecer é que o Haiti é o país mais pobre das Américas e já não contava com grande estrutura social e política adequadas.

Alguns aspectos técnicos ilustram as diferenças entre os tremores. Apesar de ter tido o valor mais alto na escala Richter, o tremor chileno foi mais profundo, e seu epicentro (local de origem) foi no mar. No caso haitiano, o terremoto (de intensidade 7) foi gerado sob uma cidade e numa profundidade menor.
Além disso, as construções do Haiti eram mais precárias e menos estruturadas do que as chilenas.

O Chile é um país estável e com grande quantidade de recursos para garantir a sua plena recuperação. A ilha caribenha necessita muito mais do apoio internacional. Repito: não estou minimizando a tragédia chilena, mas sim propondo que o Haiti não caia no esquecimento dos demais Estados novamente, desde sua independência.

Para saber mais, a BBC fez uma apresentação ilustrando como se processam os terremotos, clique aqui para ver. Os grandes veículos de comunicação online fazem a cobertura dos desdobramentos do tremor no Chile e no Haiti, basta escolher qual a mídia mais completa no "cardápio".

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Andar de ônibus em São Paulo

Após dias seguidos de um calor abominável, cai a chuva sobre a grande capital. O indivíduo está no ônibus. Em uma posição desconfortável, escora-se de forma precária sobre as grades de apoio de antes da catraca, imediatamente ao lado do cobrador. Mais um dia comum. A cada ponto que vai passando, o veículo enche cada vez mais. Pessoas retornando de seus trabalhos, estudos, passeios. A chuva aumenta. Os grandes pingos de água açoitam as janelas e começam a entrar no ônibus. Reação unânime e imediata: começa-se a lacrar as janelas. Todos os temores de epidemias de gripes suínas parecem ter sido afastados da vista do grande público: no jornal não fala mais, portanto acabou. A temperatura dentro da abominável lata de sardinhas vai subindo: são mais de sessenta aquecedores-humanos a uma temperatura de 36,5 °C. Os vidros começam a embaçar. Os vapores de muitas respirações se misturam. Há um cheiro no ar. Pior do que sujeira, o odor é do descaso, penetra até o ponto mais fundo da alma. Ali, naquele local, seres humanos que pagam um alto valor para circularem por vias esburacadas e cheias de água são obrigados a permacerem de pé, desconfortáveis, imundos, respirando um ar quente, pesado, opressor. O indivíduo observa seus semelhantes. Até que ponto toleram? Cada um com seus pares de fones de ouvido. Alguém atende o celular. Há uma conversa entre dois conhecidos. A chuva vira uma garoa. Mesmo após cessada a queda de água algumas pessoas não abrem as janelas que lacraram. A apatia é tamanha que nem o calor horroroso parece incomodar mais. O indivíduo observa atônito, sem poder fazer coisa alguma. Sua mochila pesa. Ao seu lado há alguns idosos, cujos lugares garantidos por lei estão ocupados por alguém que se julga mais cansado do que aqueles que trabalharam durante muitos e muitos anos. Entra uma mulher com uma criança de colo. O cobrador se levanta:

- Alguém, por favor, podia dar o lugar pra senhora com a criança?

Há um banco ocupado por um homem e uma mulher. A mulher se levanta e dá lugar à sua companheira que traz nos braços um pedacinho de gente que ainda não pode compreender como funcionam as coisas por aqui. O homem que ocupa o lugar preferencial e que não fez menção alguma de ceder o seu lugar finge que não ouve o cobrador:

- De preferência o homem, né?

Chegamos ao destino final. Cada um desembarca e segue solitário, sem se revoltar ou ter qualquer atitude de indignação. O indivíduo que pensou durante sua viagem desce também. O que fazer? Por ora, não há nada o que fazer. Disse bem: por ora.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Brevemente

Amigos e amigas, peço desculpas pela ausência. Agora esse é um Blog universitário. Brevemente de um jornalista graduado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Peço paciência, pois esse período inicial na universidade está um pouco conturbado. Brevemente, voltarei a escrever.

Grandes abraços!